Visto no cinema em 29-MAR-2012, Quinta-feira, sala Cinemais 1 do Shopping Três Américas
Alardeado como o novo fenômeno literário a ser transposto para o cinema e eventual sucessor de Harry Potter e Crepúsculo, Jogos Vorazes é uma versão extrema para o Big Brother de um futuro impossível. Num universo pós-guerra onde uma nação rica governa um punhado de nações pobres, todos os anos cada nação pobre oferece um casal de jovens entre 12 e 17 anos para serem gladiadores dentro de uma arena natural, de onde somente um deles sai vivo e passa a viver com as mesmas regalias dos ricaços que bancam o torneio. A história se concentra sobre o casal selecionado do distrito 12, uma arqueira inteligente (Jennifer Lawrence) e o filho do padeiro (Josh Hutcherson). Na primeira metade do filme acompanha-se a preparação dos dois, e na segunda metade eles fazem o que podem para sobreviver numa floresta traiçoeira, controlada externamente pelos idealizadores dos jogos. Se a premissa absurda não é suficiente para dar credibilidade à história, a única esperança que resta é contar com o desempenho do elenco diante de um roteiro amorfo, que em nenhum momento se preocupa em fundamentar de forma razoável o universo artificial em que todos os caricatos personagens habitam. A representação dos jovens antagonistas jamais vai além dos estereótipos, e o elenco coadjuvante é obrigado a pagar mico de forma vergonhosa. Passagens como a revolta da população do distrito 11 diante da morte de uma jovem soam como dramatização de butique, que não consegue dar sentido algum à noção de honra ou justiça numa humanidade que aterroriza sua juventude de forma completamente desumana. Sinceramente, foi preciso mais de 70 anos para que aquilo ocorresse?
Nem mesmo como ação ou thriller o filme consegue ir além do trivial. Acima de tudo, Jogos Vorazes é de um vazio intelectual que assombra, principalmente pelo sucesso inexplicável que vem fazendo nas bilheterias. Eu devo estar ficando velho mesmo, só pode ser isso.
A história continua em Jogos Vorazes - Em Chamas.