Com os nomes de Joel Silver e Robert Zemeckis na equipe de produção, esta refilmagem do clássico A Casa dos Maus Espíritos (William Castle, 1959) tinha muito boas chances de se firmar como um bom exemplo de relocação estética e temporal. Infelizmente, parece que não foi bem isso o que aconteceu, dada a estatura que o filme original possui hoje, em contraste com o que o diretor televisivo William Malone concebeu em A Casa da Colina. O que antes tinha sido concebido com a classe dos bons filmes de baixo orçamento foi transformado num pastiche que não convence e, durante a maior parte do tempo, frustra quem espera algo que inove o conceito mostrado pelo filme de 1959.
O excêntrico e milionário dono de parques de diversões Steven Price (Geoffrey Rush, numa clara alusão a Vincent Price, astro do filme original) decide dar à fogosa esposa Evelyn (Famke Janssen) uma festa de aniversário especial, convidando cinco desconhecidos para passar a noite numa mansão que no passado fôra uma instituição psiquiátrica comandada por um médico louco (Jeffrey Combs). A crença local é de que a casa é assombrada pelas almas de todos os que lá morreram num terrível incêndio. Como incentivo, Price promete aos convidados um cheque de um milhão de dólares para todos que conseguirem passar a noite dentro da casa. E é óbvio que as coisas não serão tão fáceis quanto parecem a princípio.
A premissa do lugar mal-assombrado já era boa no original, o que valeria também para a refilmagem. Descontando as anomalias visuais, como atestam o aspecto exterior futurista e vertical (?) da mansão e algumas questões de caráter espacial no interior do lugar, a história até que caminha de forma mediana até o terço final, quando tudo degringola da pior forma possível, ao estilo das características baboseiras vitaminadas por efeitos especiais que proliferaram nos anos 90. Além disso, praticamente em nenhum momento o diretor consegue imprimir alguma sensação de medo ou genuíno suspense. Nesse quesito, as melhores tomadas se resumem aos flashbacks envolvendo as vítimas lunáticas em desespero e o médico louco feito pelo ícone do horror moderno Jeffrey Combs. O joguinho sádico/masoquista de segundas intenções do casal de anfitriões da festa também consegue render certo interesse, graças às performances decentes de Geoffrey Rush e da holandesa Famke Janssen.
No resto do elenco só se salvam os veteranos, como Peter Gallagher e Chris Kattan, na pele do medroso dono da casa assombrada. Ali Larter, apesar de bonitinha, teve a proeza de protagonizar algumas das cenas mais vergonhosas do filme. É de se estranhar a presença de um ator de gabarito como Geoffrey Rush num filme tão insosso. Talvez ele estivesse atraído pelo personagem e pela chance de homenagear o grande Vincent Price, vai saber.
O filme recebeu uma sequência em 2007 chamada De Volta à Casa da Colina.
Na seção de extras é possível conferir seis featurettes de até 3 min. detalhando algumas cenas chaves do filme, um documentário de 20 minutos comparando as duas versões da história, os trailers de A Casa dos Maus Espíritos, A Casa da Colina e Creature (uma podreira que o diretor cometeu no início de carreira e aqui, curiosamente, aparece na seção de featurettes) e três cenas excluídas. Uma delas bem que poderia ter sido mantida no corte final do filme, no que teria sido praticamente a cena mais assustadora de todo o roteiro: Ali Larter surpreendida e cercada por zumbis de todos os lados. Realmente uma pena.
Texto postado por Kollision em 19/Maio/2005