Eis que o escritor de A Casa do Espanto é promovido à cadeira de diretor e recebe a responsabilidade de comandar a inevitável seqüência da história. Seqüência que, por sua vez, nada tem a ver com a primeira parte e, dela, praticamente nada consegue herdar de bom. Li uma declaração lisonjeira sobre o filme em algum lugar, não me lembro onde, mas acredito que a pessoa que a escreveu não irá se preocupar se eu de suas palavras me apropriar. A afirmação que li dizia simplesmente que "esta é uma das piores continuações já feitas para um filme de horror". Infelizmente, tenho que concordar completamente com tal constatação.
Não era segredo para ninguém que o primeiro filme da série queria combinar terror com humor, colocando monstros disformes dentro de um conto estranho sobre uma casa mal-assombrada. Ali houve alguns momentos engraçados, com algum respeito ao cinema de horror propriamente dito e passagens macabras que tornaram o filme ao menos digno de uma conferida básica. A pressa para o lançamento da continuação foi tanta que o diretor Ethan Wiley parece ter entendido tudo errado, eliminando do segundo filme a parte do terror e transformando-o num pastiche engraçadinho praticamente insuportável depois da primeira meia hora de projeção. O "Espanto" do título só pode fazer jus a isso mesmo, tenho certeza.
Outro lugar, outra casa. O jovem Jesse (Arye Gross) retorna à casa onde seus pais moraram (e foram assassinados) para nela residir junto com a namorada. Jesse decide pedir a ajuda do amigo recém-chegado Charlie (Jonathan Stark) para cavar a sepultura de seu tataravô, que ele acredita conter um tesouro inestimável. O problema é que o cadáver beberrão (Royal Dano) resolve retornar à vida e dar o maior trabalho à dupla, que precisa constantemente correr atrás de uma caveira de cristal que é a fonte da vida do velho, mas é disputada a tapa por criaturas de outra dimensão que insistem em invadir a casa à sua procura.
É complicado colocar em palavras a sensação torturante de ser submetido ao terço final de A Casa do Espanto II. O uso de efeitos em stop-motion para as várias criaturas que aparecem nas dimensões esquisitas visitadas pela dupla é datado e tosco, e os bonecos criados são patéticos. Há até uma espécie de cruzamento de estimação entre um cão e um mandruvá! Dito isso, fica claro porque o filme consegue ter alguma graça para a faixa de espectadores com idade inferior a 10 anos, disso não há dúvida. As figuras femininas, por sua vez, são antipáticas, apagadas e irritantes. Dá tristeza de ver, já que a dupla de amigos protagonistas até tem alguma química, mas o roteiro imbecil insiste em destruir qualquer personagem minimamente interessante, insultando a inteligência da platéia como poucos filmes conseguem ser capazes de insultar.
Talvez seguindo a linha de tanta porcaria junta, a seção de extras do DVD vem somente com biografias porcas de Arye Gross e Bill Maher e o obrigatório trailer do filme.
A saga da casa maluca continua em A Casa do Espanto III.
Texto postado por Kollision em 20/Setembro/2005