Cinema

Finis Hominis

Finis Hominis
Título original: Finis Hominis
Ano: 1971
País: Brasil
Duração: 79 min.
Gênero: Drama
Diretor: José Mojica Marins (Djagão Mata por Vingança, Delírios de um Anormal)
Trilha Sonora: Herminio Giménez
Elenco: José Mojica Marins, Roque Rodrigues, Teresa Sodré, Andréa Bryan, Rosângela Maldonado, Cláudia Tucci, Lurdes Vanucchi Ribas, Carlos Reichenbach, Mário Lima, Ronaldo Beibe, Américo Camargo, Clara Clarestadi, Margareth Delta, Sílvio Francisco
Distribuidora do DVD: Cinemagia
Avaliação: 0/10

Revisto em DVD em 21-SET-2007, Sexta-feira

"Há uma incógnita sobre a criação da natureza. Um tentador mistério envolve a imensidão do universo. Problemas insondáveis pairam sobre a existência. A vida e a morte. E nesse turbilhão de vidas há uma certeza: a criação da inteligência e a formação da matéria. Enfim, a existência do homem. Agora, tudo no infinito torna-se mais fácil. Das águas às matas, da Terra ao espaço, tudo o que existir tem um motivo. E o homem encontra sua motivação. Nada nasce, nada vive, nada morre sem razão. Dependendo do desenvolvimento mental de cada um, a resposta procurada poderá demorar um pouco mais, um pouco menos, ou vir no momento certo. Mas a realidade é uma só, para tudo e para todos. Se existe, há uma razão de existir. Assim, existe este filme."

O parágrafo acima é a narração palavra por palavra da pretensiosa, desconexa e inacreditavelmente tosca introdução desta aberração em forma de filme. O famoso personagem Zé do Caixão dá lugar ao tal Finis Hominis, um homem que emerge do mar nu e, perambulando pelas ruas da cidade, atrai a atenção do povo e se transforma num messias moderno. O nível claudicante da produção, que de tão pobre mistura rolos de filme colorido com filme em preto-e-branco, pode ser medido principalmente pelo surrealismo de botequim, pelo reaproveitamento cansativo dos mesmos temas musicais utilizados por Mojica em seus filmes anteriores, pelos diálogos ineptos, pela dessincronização constante da dublagem e pelas interpretações abomináveis (com exceção do expressivo Roque Rodrigues, o marido traído da segunda metade do filme). O tal Finis Hominis pode ser um personagem diferente, mas no fundo não passa de um Josefel Zanatas (Zé do Caixão) travestido de pai de santo. A pérola da falta de recursos é o tema musical usado pelos hippies em sua festinha: uma baboseira que não sai de um refrão onde a cambada canta "eia-eia-eia-eia-eia-eia-ê". Sim, é preciso ver para crer...

Provavelmente o fundo do poço dentro da filmografia do criador do Zé do Caixão, Finis Hominis é simplesmente ruim de doer, indicado somente para os fãs hardcore de Mojica. A arte da capa do DVD, realmente muito boa, vale mais do que todo o filme.

José Mojica Marins fala na faixa de comentários do DVD. O restante dos extras consiste do seu documentário Demônios e Maravilhas (1987, 50 minutos), trechos dos filmes A Quinta Dimensão do Sexo (Mojica, 1984) e Dama de Paus (Mário Vaz Filho, 1989), entrevistas curtas com familiares, pessoas próximas e o roteirista Lucchetti, um clipe com dedicatórias para Mojica, um making-of rápido de uma das trilhas de comentários de seus filmes, o videoclipe da música Provocação de Liz Vamp (cantora e filha de Mojica), entrevista com o diretor, enquete com transeuntes na rua e suas opiniões sobre o personagem, extratos de áudio com contos de rádio narrados por Mojica e uma música de Liz Vamp apresentada por seu pai, uma extensa galeria de textos, críticas e roteiros relacionados aos trabalhos de Mojica, biografias curtas do diretor e de alguns membros do elenco, várias galerias de fotos, pôsteres e quadrinhos e os trailers de Ritual dos Sádicos - O Despertar da Besta, O Exorcismo Negro, Finis Hominis, Delírios de um Anormal, O Profeta da Fome, À Meia-noite Levarei sua Alma e Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver.