Visto no cinema em 18-JAN-2015, Domingo, sala Cinemark 1 do Shopping Goiabeiras
Exercer qualquer atividade artística que envolva religião nos dias de hoje é extremamente complicado. No cinema, então, nem se fala. Dado o recente desastre de Darren Aronofsky com sua visão extremamente infeliz para a história de Noé, minhas expectativas para este Êxodo - Deuses e Reis eram as menores possíveis. Felizmente, Ridley Scott ainda é de longe um cineasta com muito mais bagagem que Aronofsky, e isso obviamente conta muito no modo como ele retratou a saga bíblica de Moisés (Christian Bale), hebreu que cresceu em meio à realeza egípcia enquanto seu povo era escravizado sob o jugo cada vez mais impiedoso dos faraós. Moisés vem a saber quase por acaso de sua origem, mas a partir daí tem seu destino traçado como líder, salvador e profeta de Israel, enquanto a rusga formada com seu primo real, que vem a se tornar o faraó Ramsés II (Joel Edgerton), é somente um dos fatores que acabam por expulsá-lo da côrte do Egito. E um sonho revelador lhe dará a motivação necessária para iniciar sua missão na Terra. Cristãos esperando representações fieis dos milagres bíblicos irão com certeza se decepcionar com o filme, que adota uma postura cética diante dos relatos do Antigo Testamento e "despolemiza" a figura de Deus ao retratá-lo como uma criança. Coadjuvantes importantes da trajetória do Moisés bíblico são excluídos ou renegados a poucos diálogos, enquanto os fatos se sucedem sem muita pompa – ou mesmo alma – e fica evidente a indecisão de Ridley Scott entre fazer um filme puramente épico e não um longa bíblico. A seu favor contam as boas performances do elenco principal, só não dá pra engolir John Turturro como o faraó-mor Set. Turturro já se desgastou demais em papeis cômicos para ser levado tão a sério.