Visto no cinema em 9-FEV-2012, Quinta-feira, sala Cinemais 1 do Shopping Três Américas
Sensações antagônicas esperam o espectador que se atrever a ver Filha do Mal, mais um longa de terror sobre exorcismo que utiliza a estratégia documental popularizada por A Bruxa de Blair. Neste sentido, o filme se aproxima tematicamente de O Último Exorcismo, apesar do foco principal ser outro. Filha do Mal envolve uma jovem (a brasileira Fernanda Andrade) que decide fazer um documentário sobre a mãe louca (Suzan Crowley) que ela não vê há duas décadas. A velha teria assassinado três pessoas durante uma sessão de exorcismo. Ao chegar em Roma, onde a mãe está internada, a moça faz amizade com dois padres que resolvem ajudá-la em sua busca por respostas. Para os padrões dos filmes do gênero, Filha do Mal não comete nenhum deslize grave durante a construção do suspense. O clima é na maior parte do tempo bem sombrio, as cenas de possessão demoníaca são macabras e a atuação do elenco não é atroz. O tom documental força um pouco a barra com cenas que normalmente nenhum cineasta se disporia a filmar, o que é uma das limitações decorrentes do formato, mas o aspecto mais polêmico de todos é com certeza o final. Ele é perfeitamente válido em sua essência, ainda que vá contra todas as convenções do cinema de entretenimento. Sempre divaguei sobre uma possibilidade de desfecho como a que é mostrada em Filha do Mal, quando algo que sempre representou uma realidade alternativa em qualquer narrativa cinematográfica torna-se a realidade principal. Congratulo o diretor pela coragem, e se há algo mais a ser dito sobre a história somente uma jogada de marketing ainda mais genial que a de A Bruxa de Blair poderá esclarecer.