Cinema
Um Príncipe em Nova York
Ano: 1988
País: Estados Unidos
Duração: 117 min.
Gênero: Comédia
Diretor: John Landis (Oscar - Minha Filha Quer Casar, Inocente Mordida)
Trilha Sonora: Nile Rodgers (Um Tira da Pesada III, A Hora do Rush 2)
Elenco: Eddie Murphy, Arsenio Hall, Shari Headley, James Earl Jones, John Amos, Madge Sinclair, Eriq La Salle, Frankie Faison, Paul Bates, Vanessa Bell Calloway, Louie Anderson, Allison Dean, Clint Smith, Sheila Johnson, Samuel L. Jackson, Don Ameche, Ralph Bellamy, Cuba Gooding Jr.
Distribuidora do DVD: Paramount Pictures
Avaliação:
Quando John Landis realizou este filme, facilmente uma das melhores comédias dos anos 80, ele tinha a seu favor a colaboração de um dos maiores comediantes daquela década, no topo de sua forma artística. Tendo trabalhado anteriormente com Eddie Murphy em Trocando as Bolas (1983), Landis comandou a história concebida pelo ator com acertadíssima inspiração comédica, romântica e comercial. A simbiose entre os dois rendeu um dos melhores filmes das carreiras de ambos. Um verdadeiro deleite para o espectador, que se recusa a perder a graça com o passar dos anos ao mostrar que o talento de Eddie Murphy podia ir um pouco além da comédia rasgada.
No fictício, belo e feliz reino de Zamunda, o príncipe Akeem (Eddie Murphy) está prestes a se casar após fazer 21 anos de idade, numa união arranjada por seu pai, o rei (James Earl Jones). Inconformado com a situação e disposto a encontrar uma mulher que possa amar de verdade, Akeem convence o velho a lhe enviar a Nova York (sem necessariamente lhe revelar o motivo) por um período de 40 dias, em companhia de seu fiel servo Semmi (Arsenio Hall). Instalados num pardieiro do Queens, os dois fazem de tudo para que a bela Lisa (Shari Headley), filha do dono de uma rede de fast food à la McDonalds (John Amos), venha a gostar de Akeem sem que seja revelado que o rapaz é na verdade o herdeiro do trono de um reino distante.
Filmado a partir de um roteiro simples e eficiente, esta comédia romântica é atemporalmente desfrutável em qualquer ocasião, sob qualquer condição de humor e sem qualquer restrição de idade. É leve, é extremamente engraçada em vários momentos, e convive muito bem com os esperados clichês de filmes do gênero, graças à interpretação sempre carismática de Murphy e às hilárias transformações que tanto ele quanto seu co-astro Arsenio Hall protagonizam. Os créditos finais, apresentados num estilo nostálgico que faz falta nos filmes mais leves dos dias de hoje, entregam para quem não foi capaz de identificar (e isso é tarefa difícil, acreditem em mim) os vários momentos em que os dois entraram na pele de outros personagens da história. Trata-se de uma boa oportunidade para comprovar quão talentosos estes dois atores já chegaram a ser, principalmente Murphy, que sumiu durante algum tempo e só voltou a fazer sucesso apelando para a maquiagem pesada de O Professor Aloprado (Tom Shadyac, 1996) ou contracenando com animais falantes em Dr. Dolittle (Betty Thomas, 1998).
O que torna Um Príncipe em Nova York ainda mais nobre em suas singelas intenções de divertimento e romance é a índole do príncipe Akeem, que representa uma leve, descompromissada e quase não-intencional lição de vida para qualquer um disposto a ser verdadeiramente feliz. Tudo embalado num estilo de se fazer comédia que infelizmente desapareceu com o ocaso de diretores como John Landis que, assim como alguns outros cineastas de sua geração (Joe Dante, Tobe Hooper, John Hughes, Steve Miner, Walter Hill, John Carpenter), não resistiu muito bem ao processo de pasteurização do cinema americano de puro entretenimento ocorrido da década de 90.
Com participações relâmpago, algumas menores e outras maiores, dos então desconhecidos Cuba Gooding Jr., Samuel L. Jackson e Eriq La Salle, Landis ainda arranja uma brecha para colocar Don Ameche e Ralph Bellamy em pontas-surpresa, que fazem uma conexão bacanérrima com seu filme anterior Trocando as Bolas. É por coisas desse naipe que o filme dá uma nostálgica pontada de saudade dos anos 80.
A continuação Um Príncipe em Nova York 2 foi lançada mais de trinta anos depois, em 2021.
O ponto baixo da edição em DVD do filme é que o único extra disponível no DVD é seu trailer de cinema.
Texto postado por Kollision em 18/Julho/2006