Cinema

Cabana do Inferno

Cabana do Inferno
Título original: Cabin Fever
Ano: 2002
País: Estados Unidos
Duração: 92 min.
Gênero: Terror
Diretor: Eli Roth (O Albergue, O Albergue 2)
Trilha Sonora: Nathan Barr (Pânico na Ilha, Imagens do Além), Angelo Badalamenti (Água Negra)
Elenco: Rider Strong, Jordan Ladd, James DeBello, Cerina Vincent, Joey Kern, Robert Harris, Hal Courtney, Matthew Helms, Richard Boone, Tim Parati, Dalton McGuire, Jana Farmer, Brandon Johnson, Charee Cuthrell
Distribuidora do DVD: Columbia
Avaliação: 6

Primeiro esforço daquele que hoje é uma das promessas do gênero, Cabana do Inferno colocou o diretor Eli Roth no mapa dos nomes quentes ao tornar-se o filme de terror de maior arrecadação do ano em que foi lançado, além de protagonizar uma disputa sobre qual empresa ganharia os direitos de distribuição do longa no Festival de Cinema de Toronto, 'prêmio' que acabou caindo nas mãos da novata Lions Gate. O filme bebe descaradamente de fontes consagradas como A Morte do Demônio (Sam Raimi, 1981) e outras nem tanto, como Show de Horrores 2 (Michael Gorrick, 1987). Possui doses generosas de gore, de humor negro e vem até mesmo com alguma pretensão de apresentar nuances de crítica sob a camada superficial de bobagem adolescente.

Três rapazes e duas garotas aproveitam uma folga da faculdade para passar um tempo numa cabana alugada no meio da floresta. Tão logo se instalam, um eremita com a pele em estado deterioriado e coberto de sangue aparece pedindo ajuda. O medo faz com que os jovens expulsem o pobre homem do lugar, mas não impede que os sintomas da mesma doença degenerativa comecem a se manifestar entre eles.

Não há nada de muito revolucionário em Cabana do Inferno. Os elementos básicos estão todos lá: o local inóspito, os vizinhos nada acolhedores, a gostosa libertina e o 'herói' que em determinado momento toma para si a tarefa de combater o mal que os aflige. Pelo menos este mal toma uma forma abstrata e praticamente inatingível, diferenciando a história de mais uma cópia de Sexta-Feira 13 e transformando-a num cruzamento entre um thriller de suspense e um filme de zumbis. O roteiro é até econômico na quantidade de podreira explícita, mesmo contendo vômitos sanguinolentos e rostos deteriorados em profusão, e decide incorporar uma veia cômica que quase sempre tende para um aspecto bizarro, contribuindo para a sensação de incômodo que a doença de pele provoca. Há vários lances sem pé nem cabeça, como o carro que apresenta problemas mecânicos sem um motivo cabível, o que pode causar algum desconforto para a parcela mais exigente da platéia.

Apadrinhado do diretor David Lynch e seu compositor habitual, Angelo Badalamenti, é fácil perceber que Eli Roth conseguiu absorver algo dos colegas famosos. A mais notável colaboração foi a de Badalamenti na trilha sonora. A outra é a característica visivelmente herdada de Lynch que permeia o filme na forma de personagens obtusos e bizarros, do moleque que parece um Hanson e vive mordendo as pessoas perto dele ao policial asqueroso que só pensa em festas adolescentes. Sempre lembrando que o desfecho irônico fecha o círculo em torno dos bons e maus de forma eficiente, para dizer o mínimo.

Há um making-of de meia hora na seção de extras, além de um deboche de pouco mais de um minuto com o moleque das panquecas (é preciso ver o filme para saber do que se trata) e outro de três minutos que contém uma versão 'família' do filme seguida de algumas cenas cortadas com o cachorro que não queria ser bravo. Pode-se conferir ainda três curtas em stop-motion feitos por Eli Roth e um parceiro, envolvendo personagens criados pelos próprios: The Rotten Fruit (algo como 'As Frutas Podres'), escárnio que tira sarro de figuras como as boy bands e o Napster.

Texto postado por Kollision em 23/Agosto/2005