Um dos maiores colaboradores para a revitalização do gênero da comédia romântica foi Rob Reiner, com seu hoje quase clássico Harry e Sally - Feitos um Para o Outro. Dessa fonte beberam muitos filmes subseqüentes, sendo o mais recente deles a historieta moderninha estrelada por Ashton Kutcher (That 70's Show, Efeito Borboleta) e Amanda Peet, uma das queridinhas entre os novos rostos bonitos surgidos na última década.
Na história de De Repente É Amor, Kutcher faz o adolescente bem-comportado e cheio de planos que acaba de concluir a escola e, durante um vôo para visitar o irmão em Nova York, tem a sorte de encontrar pela frente uma impulsiva e enigmática Amanda Peet. Durante o pouco momento em que passam juntos, os dois acabam deixando pontas soltas que voltam a se entrelaçar várias vezes algum tempo mais tarde, abrangendo um intervalo de aproximadamente 6 anos.
De Repente É Amor pende mais para o romance que a comédia propriamente dita, o que não deixa de ser um ponto a favor do diretor Nigel Cole, que assim tenta tornar a sua incursão no gênero um pouco diferente da média. Como quase sempre ocorre nestes casos, praticamente toda a sensação de satisfação evocada por uma obra desse quilate repousa nos ombros dos protagonistas. Quando carismáticos, o negócio funciona. E até faz a platéia relevar a tão manjada e explorada fórmula de Hollywood, curtindo os encontros, desencontros, o 'fundo do poço' do herói ou da heroína e o inevitável final feliz com relativo interesse. Sim, o filme tem tudo isso. Na média do convencional e previsível, mas devidamente valorizado pela boa química entre Amanda Peet e Ashton Kutcher. A curiosidade é que o papel de Peet quase foi parar nas mãos de Katie Holmes, que na época não pode fazê-lo por estar envolvida nas filmagens de Batman Begins.
Outros pontos positivos a serem considerados são a importância dada pelo roteiro à vida profissional de cada um dos pombinhos, a boa decisão de não manter a personalidade inicial da maluquinha Amanda Peet e a escolha rebuscada e sensata das canções que tocam durante a projeção, que vão de Third Eye Blind a Jet e são intercaladas pela boa trilha incidental de Alex Wurman.
O filme pode não ser tão sutil ou ter a mesma classe de um Harry e Sally, mas tem um aspecto agradável e leve que pelo menos não faz feio. O que varia de um extremo ao outro, ou seja, desde 1989 até hoje? Seria a ambientação, os novos tempos ou o fato do filme de Nigel Cole enfocar uma fase mais precoce da vida do casal?
Texto postado por Kollision em 23/Agosto/2005