Rob Reiner sempre foi um diretor versátil, arriscando-se até na pele de ator de tempos em tempos. Dentro de sua filmografia, um de seus maiores sucessos, e também maiores êxitos da década de 80, foi a comédia romântica Harry e Sally - Feitos um para o Outro. Emblemático por cravar a ferro e fogo o nome de Meg Ryan como uma das namoradinhas da América nas telas de cinema, mantém-se ainda hoje como um dos romances mais engraçados, agradáveis e bem acabados de todos os tempos.
Harry (Billy Crystal) e Sally (Meg Ryan) encontram-se pela primeira vez em 1977, numa carona que Sally dá a Harry até a grande cidade de Nova York. No princípio insuportável, mulherengo, arrogante e falador, Harry mostra-se aos olhos da inocente Sally um cara completamente asqueroso. Eles voltam a se reencontrar várias vezes nos anos seguintes, e a cada encontro desenvolvem uma relação sincera de coleguismo e amizade. Um casamento malfadado de Harry e o rompimento do relacionamento de Sally acabam aproximando-os ainda mais e, com a progressão natural das coisas, tudo entre os dois passa a correr o risco de assumir um ar um pouco mais íntimo que antes.
Charme é o que não falta à produção. Um charme que emana dos dois protagonistas, em perfeita sintonia um com o outro e completamente à vontade no roteiro escrito pela futura diretora Nora Ephron (que fez a obra-prima das comédias românticas Sintonia de Amor e meteu os pés pelas mãos em Mensagem para Você, ambos também com a loira Ryan). A meiguice de Sally e a canastrice de Harry rendem momentos ótimos, sempre acompanhados de diálogos em sua maioria excelentes. Basicamente ignorando o lado profissional dos personagens, tudo se concentra nos encontros dos dois e, mais tarde, no envolvimento dos amigos Marie (Carrie Fisher) e Jess (Bruno Kirby), também ótimos. É neste filme que está uma das cenas-símbolo do cinema oitentista, aquela em que Meg Ryan simula um orgasmo dentro de um restaurante para uma platéia atônita, incluindo o estupefato Billy Crystal. O visual dos dois muda bastante à medida que os anos passam, e a idéia de inserir depoimentos de casais de longa data em meio à narrativa parece estranha de início, mas justifica-se no final.
Harry e Sally é, além de um ótimo e divertidíssimo programa, mais um daqueles filmes onde fica difícil separar música e imagem. A trilha sonora é fenomenal, e inclui a hoje clássica canção It Had to Be You, em performances de Frank Sinatra e Harry Connick Jr., além das vozes de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, entre outros.
Há 7 cenas excluídas na seção de extras do DVD, incluindo uma impagável imitação de Marlon Brando/Don Corleone feita por Billy Cristal. Completam os especiais o videoclipe de It Had to be You na voz de Harry Connick Jr. e os trailers de Harry e Sally, A Princesa Prometida e This Is Spinal Tap, todos dirigidos por Rob Reiner.
Texto postado por Kollision em 2/Fevereiro/2005