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Filmes Vistos em Abril - Parte 2

Gincho Nagaremono Mesuneko Bakuchi (Kazuhiko Yamaguchi, 1972) 6/10

Com: Meiko Kaji, Sonny Chiba, Shingo Yamashiro, Junzaburo Ban, Yukie Kagawa

A.K.A. Wandering Ginza Butterfly 2 - She-Cat Gambler — De volta a Ginza, a "borboleta errante" Nami (Meiko Kaji) está desta vez à procura do homem que assassinou seu pai muitos anos atrás. Após ajudar uma jovem perseguida pela máfia, ela se infiltra nas casas de jogos da região e termina por reencontrar uma velha amiga. Entre uma partida e outra, a moça se aproxima do seu objetivo enquanto acaba forjando uma aliança improvável com um cafetão gente boa (Sonny Chiba, em início de carreira). É difícil encontrar alguma conexão entre este filme e o primeiro Wandering Ginza Butterfly, sendo a única coisa comum a ambos a forte personagem de Meiko Kaji. Para se ter uma ideia, Tsunehiko Watase, o co-protognista anterior, aparece aqui numa ponta como um engraxate de rua! O que mais me chamou a atenção nesta sequência é o sorriso sutil e enigmático que nunca abandona o rosto de Nami, sempre com aquele ar típico de quem está no domínio da situação. Assim, ela sustenta praticamente sozinha uma história que não chega a ter muita substância narrativa. Mas o filme é bom, e se beneficia da ênfase mais pronunciada no humor.

Guardiões do Dia (Timur Bekmambetov, 2006) 7/10

Com: Konstantin Khabenskiy, Mariya Poroshina, Viktor Verzhbitskiy, Vladimir Menshov, Zhanna Friske

Segunda parte da fantasia urbana com elementos de horror iniciada por Guardiões da Noite, Guardiões do Dia retoma a saga de Anton (Khonstantin Khabenskiy), um herói completamente fora dos padrões que todos conhecemos. Falho, rabugento e dominado por um estado de espírito que se aproxima do torpor durante a maior parte do tempo, aqui ele se torna o instrutor de Svetlana (Mariya Poroshina), a nova integrante do lado do bem (aquela que havia sido resgatada da maldição maluca do final do primeiro filme). Uma perseguição tem início quando Anton é acusado do assassinato de uma assecla do líder dos Guardiões do Dia (Viktor Verzhbitskiy), que por sua vez tem intenções nada samaritanas envolvendo o jovem Yegor, o filho poderoso de Anton que abraçou as trevas. Muitos dos personagens da história são vampiros, apesar de muito pouca, ou praticamente nenhuma, atividade vampírica ser vista no filme. De fato, a essência da história sobre seres humanos dotados de dons sobrenaturais acaba de certa forma se perdendo em meio ao roteiro frenético, pródigo em colocar entidades superpoderosas nas situações mais mundanas possíveis. O resultado é bom e menos complicado do que parece, principalmente se os dois filmes forem vistos um após o outro, sem interrupções.

Existe a conversa de que uma terceira parte estaria em vias de ser produzida, mas basta dizer que a saga de Anton se encerra aqui mesmo, em Guardiões do Dia. Quem rouba um pouco a cena neste capítulo é a sexy Zhanna Friske, no papel da amante/ajudante do indecifrável Zavulon. Ela é apenas um dos muitos atrativos desta que é uma série bastante original, ainda que de qualidades muito próximas àquilo que Hollywood costuma fazer em matéria de blockbusters.

O Troco (Brian Helgeland, 1999) 8/10

Com: Mel Gibson, Gregg Henry, Maria Bello, David Paymer, Lucy Liu

Fato 1 sobre O Troco: todo mundo na história é bandido. Fato 2 sobre O Troco: é extraordinário que o filme tenha ficado tão bom apesar da peleja travada entre Brian Helgeland e o estúdio, que alegadamente demitiu o diretor durante o processo de filmagem. A bagunça que se seguiu gerou, primeiramente, um longa atípico que ignora muitas das imagens do seu trailer, e bem mais tarde uma polêmica "versão do diretor" à qual eu me recuso a assistir. Em O Troco, Mel Gibson é o menos ruim dos bandidos em cena, um ladrão profissional que passa todo o filme tentando recuperar a mísera quantia de 70 mil dólares de um parceiro (Gregg Henry) que o traiu durante um dos seus assaltos conjuntos. O cara não se desvia do objetivo nem por um segundo, e acaba envolvendo na bagunça uma prostituta de seu passado (Maria Bello). Visualmente, o filme puxa muito para um estilo noir de fotografia desbotada, e narrativamente ele carrega uma veia quase tarantinesca. O roteiro é decente o suficiente para abonar as passagens mais abusadas, e não é sempre que se vê um ícone heróico do porte de Mel Gibson despachando larápios à queima-roupa sem dó. Imperdível.

Alice no País das Maravilhas (Tim Burton, 2010) 8/10

Com: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Anne Hathaway, Crispin Glover

Esquisitice parece ser muitas vezes um sinônimo para o trabalho de Tim Burton. Não é surpresa, portanto, que o diretor tenha decidido fazer sua própria versão para Alice no País das Maravilhas, uma das historietas mais amalucadas que já surgiram na literatura mundial. Seguindo mais ou menos a mesma linha adotada por Steven Spielberg em Hook - A Volta do Capitão Gancho, Burton não se limita a retratar o material original, fazendo na verdade uma abordagem que se aproxima mais de uma continuação para a história da mocinha Alice (Mia Wasikowska). Aqui ela está com 19 anos e pressionada para se casar contra sua vontade quando mais uma vez é tragada para dentro do buraco do coelho, indo parar no mesmo mundo multi-colorido habitado por animais falantes e todo o tipo de bizarrice. Há um chapeleiro louco (Johnny Depp), uma rainha cabeçuda que gosta de cortar cabeças (Helena Bonham Carter), um valete caolho do mal (Crispin Glover), uma rainha boazinha (Anne Hathaway) e a missão profetizada há tempos de que Alice deve eliminar uma besta para libertar o tal País das Maravilhas do mal. O senso de aventura é predominante e valorizado pela combinação perfeita entre elenco e animação computadorizada, e só deixa mesmo a desejar quando se considera a previsibilidade anunciada desde o início. Ponto positivos são notados no desfecho (que foge do excessivamente emotivo) e na ótima trilha sonora de Danny Elfman.

Divagações postadas por Edward de 26 a 30 de Abril de 2010