Ecos do Além 2 (Ernie Barbarash, 2007)
Com: Rob Lowe, Marnie McPhail, Ben Lewis, Tatiana Maslany, Katya Gardner
Apesar de estar listada no imdb como uma produção televisiva, nada em Ecos do Além 2 entrega tal origem humilde, dos créditos aos valores de produção até decentes. E o que é melhor, pelo menos o filme não é nenhum desastre completo como pensei que seria. Rob Lowe ocupa o lugar que fôra que Kevin Bacon como o cara atormentado por visões do além, sendo que desta vez ele é um veterano da guerra do Iraque que volta para casa depois de passar por um episódio traumático. Dividindo-se o longa em duas metades, fica óbvio que a primeira delas funciona muito bem, com boa caracterização de personagens e desenvolvimento narrativo eficiente. A segunda metade, no entanto, falha por não apresentar uma conexão convincente entre o mistério sobrenatural da vez e a ruptura psicológica pela qual passa o protagonista na cena de abertura. O suspense não é tão refinado quanto no primeiro Ecos do Além, mas Lowe está bem em seu papel e definitivamente ajuda a dar uma certa dignidade a esta inesperada sequência.
A Seita (Jaume Balagueró, 1999)
Com: Emma Vilarasau, Karra Elejalde, Tristán Ulloa, Toni Sevilla, Carlos Lasarte
Ideia promissora, realização patinante e resultado indefinido. Cinco anos depois de perder a filha pequena num assassinato hediondo, mãe atormentada (Emma Vilarasau) começa a receber mensagens que indicam que a menina está na realidade viva e em situação de perigo. Ao procurar o detetive que cuidara do caso (Karra Elejalde), ela se aprofunda numa teia sórdida que envolve uma seita demoníaca que cultua a maldade e o sadismo extremos. Infelizmente, nem como drama e nem como suspense detetivesco A Seita consegue ser bem sucedido. O diretor Jaume Balagueró, que seria notado pelo mundo afora alguns anos depois com o cultuado REC (2007), força a mão ao retratar o sofrimento da mãe que perdeu a filha, retardando excessivamente o andamento do filme e prejudicando determinados trechos e personagens. Antecipando levemente um estilo que se tornaria marca registrada da série Jogos Mortais, às vezes o filme consegue ter um bom clima, que é arruinado por coisas como as decisões tomadas pelo jornalista parapsicólogo feito por Tristán Ulloa. O final é controverso, daqueles que deixa a plateia sem saber o que pensar - por vezes penso que é decepcionante, mas talvez a intenção de Balagueró fosse agredir mais intensamente o lado psicológico da protagonista. Assista e tire suas conclusões.
O Fim da Escuridão (Martin Campbell, 2010)
Com: Mel Gibson, Ray Winstone, Danny Huston, Bojana Novakovic, Shawn Roberts
Eu sei que foi uma sensação involuntária, mas em vários momentos de O Fim da Escuridão eu tive a impressão de que estava revendo Martin Riggs ganhar nova (e amarga) vida após o fim de suas aventuras em Máquina Mortífera 4. Afinal, o personagem bem que poderia ser o mesmo. Retornando diante das câmeras depois de um longo hiato, Mel Gibson encarna o papel de um policial de Boston que se vê forçado a descobrir os responsáveis pelo brutal assassinato da filha, aparentemente envolvida em algo de escopo ultra-secreto na indústria de pesquisa em que trabalhava. Danny Huston é o chefe maligno da corporação, e Ray Winstone o coringa secreto que anda pra lá e pra cá eliminando as rebarbas indesejadas em nome do governo americano. Martin Campbell refilma para o cinema uma série de TV que ele mesmo havia dirigido nos anos 80, com bom resultado. Violento sem ser exagerado, o longa consegue passar com propriedade a sensação de esmagamento governamental e corporativo associada ao mistério principal da história. O melhor de tudo é a catarse que se desenrola na reta final, de violência para alguns e estritamente moral para outros.
Amor sem Escalas (Jason Reitman, 2009)
Com: George Clooney, Vera Farmiga, Anna Kendrick, Jason Bateman, Danny McBride
Apesar do título idiota e altamente broxante, Amor sem Escalas é mais uma daquelas comédias simpáticas, agradáveis e sutis, marcadas por boas atuações de um elenco inesperado e por uma abordagem mais profunda que o normal. George Clooney entra na pele de um profissional de RH cuja especialidade é demitir funcionários de empresas com chefes/gerentes/diretores incapazes de fazê-lo. Dessa forma, ele passa a maior parte de sua vida no ar e em aeroportos, voando de um compromisso a outro ininterruptamente. Quando uma agressiva mudança organizacional se inicia em sua própria companhia, ele é forçado a carregar consigo uma novata (Anna Kendrick, a amiguinha de escola de Kristen Stewart na série Crepúsculo), ensinando-a tudo o que sabe do ofício. Ao mesmo tempo, o cara acaba se interessando por outra nômade de aeroportos, interpretada por Vera Farmiga. Inicialmente utilizando o choque entre gerações para colocar em xeque a filosofia de vida do viajante solteirão, o roteiro lentamente o conduz a situações decisivas tanto em sua rotina pessoal quanto profissional. Fica então óbvio o quanto Jason Reitman já supera o pai no ofício de dirigir para cinema, seja por adaptar uma história com difícil potencial de comédia ou por extrair momentos brilhantes da atuação de George Clooney. Não era para tanto, mas as inúmeras indicações que Amor sem Escalas recebeu no Oscar deste ano não são totalmente infundadas.
Divagações postadas por Edward de 12 a 18 de Fevereiro de 2010