A Trilha (David Twohy, 2009)
Com: Steve Zahn, Timothy Olyphant, Milla Jovovich, Kiele Sanchez, Marley Shelton
Thriller assinado por David Twohy, notório realizador de trabalhos menores de ficção científica, A Trilha aposta num enfoque minimalista e num elenco reduzido para a criação de suspense. Steve Zahn e Milla Jovovich são recém-casados em lua-de-mel numa das ilhas paradisíacas do Havaí. Logo que eles chegam à pousada que escolheram, corre a notícia de que um horrível homicídio foi cometido por um casal de assassinos no dia anterior. Quando eles se encontram e fazem amizade com outros casais de viajantes, em especial Timothy Olyphant e Kiele Sanchez, certas atitudes fazem com que suspeitas sejam levantadas de ambos os lados. Seria um dos casais na verdade o responsável pelos assassinatos? O ponto de vista principal é tomado a partir da dupla Zahn/Jovovich, numa narrativa que não se apressa em revelar quem é quem no esquema geral da coisas. Talvez por isso a segunda parte da trama soe meio truncada em relação à duração total do filme, o que pode passar a sensação de encerramento abrupto ou subaproveitamento dramático. Por falar nisso, não acho que a guinada da história seja justa com a caracterização de personagens - como um suspense de adivinhação, o filme não convence porque trapaceia, por exemplo, logo na cena de abertura. A execução é pelo menos decente, e o elenco não compromete.
Sempre ao Seu Lado (Lasse Hallström, 2009)
Com: Richard Gere, Joan Allen, Sarah Roemer, Cary-Hiroyuki Tagawa, Jason Alexander
Baseado num episódio verídico ocorrido no Japão dos anos 20, Sempre ao Seu Lado entrega logo de cara que não poderia ter sido feito por outro diretor que não fosse Lasse Hallström. Trata-se da história peculiar de um cão da raça japonesa Akita chamado Hachi, que certo dia é encontrado numa estação de trem por um professor universitário (Richard Gere). O cão cresce e adquire o hábito de esperar por ele todos os dias no final da tarde naquela mesma estação de trem. E ele continua a esperar mesmo após a morte trágica do professor. Bonitinho e até despretensioso, o filme ganha o espectador por causa do cachorro, que é realmente uma fofura. O roteiro não tem ou faz firulas, e nenhum dos personagens, nem mesmo o protagonista, ganha algum desenvolvimento que vá além da exposição básica. A história já havia ganhado um filme anterior lá na terra do sol nascente em 1987 - a versão norte-americana tem seus momentos chorosos, mas não é nenhuma fonte de lágrimas, resultando num programa leve ideal para se ver em família.
Purana Mandir (Shyam Ramsay e Tulsi Ramsay, 1984)
Com: Mohnish Bahl, Arti Gupta, Puneet Issar, Pradeep Kumar, Ajay Agarwal
Segundo fontes fidedignas, este é o filme que deu origem ao boom de horror em Bollywood na década de 80. Purana Mandir fez tanto sucesso por lá que os irmãos Ramsay repetiram a fórmula à exaustão para faturar muitas rúpias mais. Apesar disso, não espere nada bombástico na história da maldição rogada séculos atrás por um louco demoníaco (Ajay Agarwal) sobre a linhagem de uma família rica, que prevê que todas as suas mulheres devem se transformar em criaturas horríveis e morrer logo após darem à luz. No presente, a mocinha (Arti Gupta) coloca o seu pai (Pradeep Kumar) em desespero ao iniciar um namoro com um rapaz (Mohnish Bahl). Resolvidos a quebraram a maldição e acompanhados de um amigo (Puneet Issar), os dois partem para a mansão onde tudo começou. A produção é pobre e o nível do elenco é de dar medo, mas pelo menos a história flui num ritmo razoavelmente decente. Há que se dar o devido crédito ao esforço de maquiagem, hediondo quando comparado a filmes ocidentais da mesma época, mas que cai como uma luva ao estilo indiano de fazer cinema. Como uma boa novela mexicana (?), lá pelas tantas surge o alívio cômico na forma de um bandido procurado (Jagdeep) que se une ao amigo do herói (que é a cara de Borat) numa série de tramoias. Pena que essa subtrama seja abandonada sem qualquer explicação lá pelo final do filme.
Razoavelmente divertido e provavelmente uma boa porta de entrada para quem não tem familiaridade com Bollywood, Purana Mandir não exagera nas típicas canções que permeiam todos os filmes indianos. Contei apenas cinco, e devo dizer que gostei de uma delas, aquela que toca quando o casal de pombinhos está prestes a ser sacrificado pelo povo do vilarejo. Em tempo: "purana mandir" significa "o templo ancestral".
Mutantes (Amir Valinia, 2008)
Com: Louis Herthum, Tony Senzamici, Sharon Landry, Michael Ironside, Steven Bauer
Pastiche de baixo orçamento medíocre que, além de tapear o espectador com uma capa de DVD enganosa, se mostra bastante esquizofrênico no modo como conduz a história. A introdução é uma bagunça, e por muito tempo filme adentro o roteiro se concentra no drama de uma secretária (Sharon Landry) cujo pai (Louis Herthum) é um segurança alcoólatra e cujo irmão desapareceu em circunstâncias misteriosas. Ela trabalha para uma corporação corrupta que quer transformar o açúcar num produto mais viciante que a cocaína, e para isso usa cobaias humanas que acabam apresentando mutações irreversíveis. Nos piores casos elas passam a se comportar como zumbis, iguaizinhos àqueles popularizados por George Romero e imitadores. Michael Ironside ganha top billing nos créditos, mas quase não aparece. O restante do elenco passa vergonha tanto por ser ruim quanto por ser obrigado a encenar caracterizações que beiram o ridículo, como no caso do chefe de segurança (Tony Senzamici) que não tem remorso algum em matar e no final se regenera, ganhando até beijinho de despedida da pretendente. A direção é inepta, e pelo fato do filme se levar tão a sério não há nada capaz de redimi-lo no que diz respeito a diversão trash.
Divagações postadas por Edward de 29-JAN a 1-FEV de 2010