Transformers - A Vingança dos Derrotados (Michael Bay, 2009)
Com: Shia LaBeouf, Megan Fox, John Turturro, Ramon Rodriguez, Kevin Dunn
Ah, o cinema de ação descerebrada e seus controversos representantes... Por que todo filme que foca cenas de ação quase sempre acaba caindo na categoria mundana de "descerebrado", afinal?
Por mais que muita gente torça o nariz, quando o assunto é esse Michael Bay entende do riscado. Caso contrário Steven Spielberg não o teria contratado para dirigir o primeiro Transformers, e que dirá esta sequência. Para quem gostou do primeiro, a probabilidade de gostar do segundo é muito grande, mesmo com os evidentes exageros cômicos, centrados nos pais do protagonista e numa nova dupla de robôs. A história é direta e resvala em aspectos mundanos da rotina de Sam (Shia LaBeouf) para ancorar a orgia de destruição mecânica que toma conta da tela. Os Autobots se aliaram aos militares para exterminar os Decepticons escondidos ao redor do mundo, mas o conflito recomeça quando Sam entra em contato com uma farpa do cubo cósmico que dá energia aos Transformers, o que imprime memórias alienígenas em seu cérebro. É por isso que um super Decepticon adormecido (o tal "Fallen") desperta e coloca em prática o plano iniciado há milênios para destruir o planeta Terra. A correria que se inicia é coalhada de furos espaciais e temporais, mas tudo é feito de forma tão frenética que não dá tempo de pensar nisso direito. Praticamente todos os coadjuvantes estão de volta, mas eu pessoalmente senti falta da gatíssima Rachael Taylor. Por outro lado, tá na cara que Megan Fox andou dando umas recauchutadas plásticas, felizmente para melhor, e agora sim ela meio que justifica o hype de gostosa que não clicou muito bem na história anterior.
Com um clímax meio apressado em vista de todo o desenvolvimento da história (?), A Vingança dos Derrotados termina por se mostrar uma continuação um pouco menos eficiente que o filme original. Ainda assim, é prato cheio para os fãs dos desenhos ou dos brinquedos e para quem curte baboseiras anabolizadas.
A Mulher Invisível (Cláudio Torres, 2009)
Com: Selton Mello, Luana Piovani, Vladimir Brichta, Maria Manoella, Fernanda Torres
Se as comédias brasileiras continuarem a trilhar o caminho demonstrado por A Mulher Invisível, em pouco tempo poderemos nos vangloriar de possuir uma boa filmografia neste gênero. Também é preciso ressaltar o impressionante aproveitamento de Selton Mello: a impressão que tenho é que tudo em que o cara se envolve acaba se tornando um sucesso, seja de público ou crítica. Foi assim com O Cheiro do Ralo, e com certeza é este o destino de mais este trabalho super engraçado do mesmo diretor que fez o elogiado Redentor (que eu ainda hei de assistir). Mello é um controlador de tráfego de São Paulo que certo dia leva um colossal pé na bunda da esposa e entra em depressão. Até o momento em que uma loira escultural (Luana Piovani) bate à sua porta pedindo uma xícara de açúcar. Alucinado de paixão, ele ignora os conselhos do melhor amigo (Vladimir Brichta), que acha suspeito nunca conseguir ver a nova namorada de Mello, enquanto uma vizinha tímida (Maria Manoella) continua a suspirar pelo cara sem ter coragem de se fazer notar. Em certo momento a comédia escrachada cede espaço à comédia romântica, mas todo o elenco acerta o tom ao proporcionar momentos hilariantes e ternos, sem jamais enveredar pelos aspectos mais negativos da enfermidade psicológica do protagonista. É aí que o filme acerta em cheio.
A Era do Gelo 3 (Carlos Saldanha e Mike Thurmeier, 2009)
Vozes: John Leguizamo, Ray Romano, Denis Leary, Queen Latifah, Simon Pegg
Considerando o que se tem visto em franquias de sucesso, A Era do Gelo 3 se sobressai em relação aos seus pares e sem dúvida alguma consegue manter o mesmo nível de antes, reafirmando o carisma de seus personagens enquanto faz divertir tanto a molecada quanto os barbados. Se você curtiu as estripulias de Syd, Diego, Manny, Ellie e da dupla de gambás alucinados você também estará em casa na nova história, que começa sem pretensões com a gravidez da mamute Ellie, a paranóia do futuro pai Manny e o medo de Diego de se tornar um tigre dentes-de-sabre molenga. Como sempre, é Syd quem aparece para colocar tudo em movimento, desta vez desenvolvendo um hilário instinto maternal e se apossando de três ovos de tiranossauro. Quando a mamãe dino vem atrás dos rebentos ela carrega o preguiça junto, o que vai colocar todos os seus amigos numa jornada perigosa para resgatá-lo. Entre uma cena e outra, o esquilo Scrat reaparece juntamente com uma companheira, tão charmosa quanto ardilosa, enquanto uma nova e destemida - aham - doninha se junta à turma no meio da aventura. A animação é fantástica, os pormenores relacionados à natureza violenta de alguns personagens continuam a ser contornados com parcimônia, há muita ação e as risadas são garantidas e fartas. E, pelo que tudo indica, há bastante espaço para mais continuações!
The Wonders - O Sonho Não Acabou! (Tom Hanks, 1998)
Com: Tom Everett Scott, Liv Tyler, Johnathon Schaech, Steve Zahn, Ethan Embry
Neste The Wonders, Tom Hanks se aventura também atrás das câmeras como escritor e diretor. É dele toda a ideia do filme, que retrata a reunião de uma banda de adolescentes na década de 60 e sua meteórica ascensão após o sucesso do primeiro single (cujo nome é o próprio título original do filme), mostrando ainda o súbito esfacelamento antes mesmo deles atingirem o topo. Não se trata propriamente de uma comédia, mas o tom geral nem de perto chega a ser o drama esperado de tal sinopse - trata-se de um longa despretensioso e simpático, nada mais. Eu gostaria de ter visto um desenvolvimento maior dos personagens secundários, o que não deixaria o protagonista Tom Everett Scott, em torno do qual a história gravita, com a responsabilidade de carregar o filme nas costas. Pelo menos Tom Hanks permite que Liv Tyler brilhe numa adorável performance como a namorada do antipático vocalista (Johnathon Schaech), interpretando ele próprio um papel pequeno como o agente que catapulta a banda ao sucesso. Dado esse primeiro esforço, que não faz nada de gravemente errado, creio que seria interessante ver Hanks dirigindo novamente um longa-metragem, e não se empapando de ordinariedade como o Robert Langdon de Dan Brown.
Igual a Tudo na Vida (Woody Allen, 2003)
Com: Jason Biggs, Christina Ricci, Woody Allen, Danny DeVito, Stockard Channing
Um dos últimos e subestimados filmes de Woody Allen em Nova York antes de uma incursão européia criticamente mais abençoada, Igual a Tudo na Vida foi uma aposta do diretor em encontrar um novo jovem alter-ego (em Jason Biggs) numa história que remete a muitas obras que ele mesmo já fizera no passado. Biggs é um escritor de comédias que relata sua paixão por uma moça impulsiva (Christina Ricci), num romance que começa de forma fulminante e depois de algum tempo praticamente morre graças às contínuas rejeições por parte dela. É neste momento que o rapaz faz amizade com outro escritor (Woody Allen), um senhor encantador e algo neurótico, que com seus conselhos tentará ajudar o mais jovem a dar um rumo em sua vida. A crônica de relacionamentos urbanos não se preocupa em se distanciar demais do ordinário – além daquilo que seus personagens demonstram de idiossincrasias – e o velho estratagema de falar à plateia olhando diretamente para a câmera funciona. Enfim, fãs de Woody Allen sabem como é o riscado, mas os não iniciados também acharão o filme simpático.
Em tempo: se tudo na vida é uma constante apregoada por uma história como esta, é fato que compreender mulheres como a personagem de Christina Ricci é uma tarefa não só ingrata, mas dolorosa ao extremo. Será que é por isso que tantos homens acabam automaticamente se vacinando contra a mera ideia do compromisso e se limitam a amá-las de maneira perene sem chegar a compreendê-las?
Joshû Ori (Masaru Konuma, 1983)
Com: Mina Asami, Nami Matsukawa,Shigeru Muroi, Ryoko Watanabe, Hitomi Yuri
A.K.A. Female Prisoner - Caged! – Entram os anos 80, e os estúdios japoneses como a Nikkatsu se vêm às voltas com a revolução do vídeo. Uma das consequências desse embate injusto com muitas companhias de cinema mais marginais aparece forte em mais este WIP film: a ferocidade com que o diretor força o erotismo até o limite do permitido pela censura. Com muita nudez gratuita e sadomasoquismo a rodo, a história tem uma introdução plasticamente ótima porém estranha. A personagem principal é uma moça (Mina Asami) que acaba de ser recapturada da prisão de onde fugiu, e é em torno dela que tudo acontece em matéria de lascívia e violência no presídio - ela e três amigas são marginalizadas entre as demais companheiras, as carcereiras a odeiam e o namorado, que está no mundo exterior, a abandonou à própria sorte. Acredito que tem gente que vai ficar chocada com algumas travessuras perpetradas pelo diretor Masaru Konuma (especialmente os não iniciados em material erótico ou afins). O cara faz de tudo um pouco, provoca o famoso borrão da censura japonesa em uma cena ou duas e faz cagada no final apressado e sem sentido. Uma das passagens mais marcantes, no entanto, é o ataque das detentas a um grupo de trabalhadores civis que estão do outro lado da cerca. Não quero soar machista ou grosseiro, mas já ouviram falar em fêmeas no cio?
True Lies (James Cameron, 1994)
Com: Arnold Schwarzenegger, Jamie Lee Curtis, Tom Arnold, Bill Paxton, Tia Carrere
Quando True Lies viu a luz do dia, tanto James Cameron quanto Arnold Schwarzenegger estavam a todo vapor em suas respectivas carreiras. Cameron foi o primeiro a entrar em aposentaria assim que concluiu Titanic, três anos mais tarde, mas Schwarza ainda permaneceria na ativa como astro até O Exterminador do Futuro 3, de 2003. Nos dias de hoje, Cameron está prestes a retornar com o ambicioso Avatar, mas a carreira cinematográfica de Schwarzenegger está morta e enterrada. Daí a importância histórica de True Lies, tanto como superprodução de aventura quanto como uma colaboração de dois grandes nomes do cinema em seu auge, num trabalho que funciona maravilhosamente como diversão escapista.
O tom geral é de comédia, e a narrativa é uma aventura de espionagem pura à la 007. Schwarzenegger atua como um espião que esconde o fato da esposa (Jamie Lee Curtis) há 15 anos. Ele e seu parceiro (Tom Arnold) estão no encalço de um grupo de terroristas muçulmanos, mas o brutamontes é pego de surpresa quando descobre que a esposa pode estar traindo-o com um estranho (Bill Paxton, naquele que é provavelmente um dos melhores papéis de coadjuvantes da história). A merda vai para o ventilador quando a vida pessoal do cara cruza com seus deveres de espião. Se você viveu os anos 90 e curte cinema sabe muito bem que foi aqui que Jamie Lee Curtis, tardiamente na carreira, foi alçada a símbolo sexual graças a uma passagem do filme. Se não sabia disso, então está aí mais um motivo para conferir True Lies, diversão exagerada e bem realizada como não se vê mais hoje em dia.
Nota de cinefilia nerd: Em Comando para Matar Schwarzenegger tinha uma filha adolescente que cresceu e virou mulherão: Alyssa Milano. Em True Lies a mesma coisa acontece, e desta vez trata-se da gostosura Eliza Dushku!
A Proposta (Anne Fletcher, 2009)
Com: Sandra Bullock, Ryan Reynolds, Mary Steenburgen, Craig T. Nelson, Malin Akerman
Num fim de semana de completa entressafra, poucas (ou nenhuma) eram as opções nas salas de cinema. Francamente, A Proposta era a única saída, mas pelo menos eu já tinha visto o trailer, que me pareceu simpático. Mais uma comédia romântica, e mais uma em que um casal completamente incompatível vence as adversidades para descobrir o amor no final da história. Posso estar enganado, mas existe algum crédito de originalidade no contexto: editora-chefe megera (Sandra Bullock) obriga seu secretário/assistente executivo e aspirante a escritor/editor (Ryan Reynolds) a se casar com ela para evitar um iminente processo de deportação. Pressionados pelo agente da imigração, eles precisam então passar um tempo juntos para aprenderem coisas um sobre o outro, e vão ao Alasca conhecer toda a família do rapaz. Sandra Bullock está perfeita no papel de chefe insuportável, enquanto Reynolds encarna a ovelha negra da família com competência. No final o filme funciona como fonte de risadas, administrando bem a tensão que surge da situação e brindando o espectador com belas cenas de uma Sandra Bullock um pouco mais desinibida. O elenco de apoio, que inclui Mary "Clara" Steenburgen e Malin "Espectral" Akerman, também merece atenção.
Divagações postadas por Edward de 11 a 14 de Julho de 2009