Anotações geralmente nos ajudam a recordar os momentos mais marcantes das nossas viagens. A seguir estão algumas lembranças sobre minhas experiências viajando de trem e albergando pela Inglaterra, Holanda e Escandinávia.
Em tempo: viajei com o mínimo de tecnologia. Sem laptop e sem aparelho de MP3, só com um celular e uma câmera digital bem vagabunda.
11/Junho - Quinta-feira - LONDRES/SHEPSHED
Descendo em Londres, e depois de passar por uma entrevista duríssima com a dona da imigração, tratei de comprar uma passagem de ônibus para chegar a Loughborough. Depois de uma parada em Leicester, acabei chegando ao hotel de Shepshed lá pelas 10 da noite. O taxista me deixou num pátio quadrado, onde os quartos ficam todos ao redor e sem qualquer separação visível. Eu fiquei completamente perdido sobre onde seria a recepção, já que todas as portas eram parecidas e em nenhuma delas estava escrito explicitamente RECEPTION. Minha vista foi então atraída pela única janela de onde vinha luz e onde parecia haver algum movimento. Continuei analisando os demais aposentos, mas acabei voltando àquele, e estava quase para abrir a porta e meter a cara quando notei que havia três garotas em trajes menores pululando lá dentro! Imaginem só: 10 e meia da noite, nenhuma alma viva por perto, um cara aparece do nada sem avisar e surpreende três piriguetes nuas num quarto de hotel de uma cidadezinha minúscula?
Foi por um triz!
Download Festival - Sim, eu fui!
E foi então que, observando com mais atenção, avistei no canto oposto do pátio um aviso pequenino falando sobre late night arrivals! Aí foi só ligar para o responsável e terminar de me adaptar definitivamente à diferença de fuso de cinco horas.
12/Junho - Sexta-feira - SHEPSHED (DOWNLOAD FESTIVAL)
Depois de um farto café da manhã, minha primeira parada foi a biblioteca de Shepshed, onde foi possível olhar emails e verificar senhas de -aham- fundamental importância para o meu bem-estar financeiro na Europa. Shepshed não tem praticamente nada digno de nota, e em 15 minutos circulei por todo o centro da cidade.
Depois do almoço pirulitei-me para Donington Park, e era então chegada a hora da loucura total. Inocente como sou, fiquei sapeando pelas barracas e pelos palcos e fui inventar de comprar uma camiseta do festival no final da tarde. Resultado? Tudo esgotado! Pelo menos me sobrou uma jaqueta do Faith No More...
A única apresentação em que me enfiei no meio da galera (além do FNM, claro) foi a do Killswitch Engage. Os caras são bons, não dá pra negar. Faltando meia hora para o final do show do Korn me enfiei o máximo que pude perto da linha de frente, e assim pude garantir um lugar privilegiado no meio da bagunça.
Então chegou o momento! Depois de Mike e Roddy alternarem os vocais em Reunited veio a abertura com The Real Thing, música épica perfeita para uma turnê de retorno. Incrível toda aquela galera pulando junto comigo e cantando a música inteira! O show durou pouco mais de uma hora e meia, e com certeza o pessoal que ficou alguns minutos a mais na esperança de que eles voltassem ao palco queria no mínimo mais meia horinha de pauleira. Minha bronca é que eles não tocaram Digging the Grave e, obviamente, Collision. Mas não dá para ter tudo de uma vez, né?
No Regent's Park, em Londres
Momento trevas: se ainda restava alguma dúvida de que eu não ficaria para os dois dias restantes de Download, pois eu estava sozinho e nenhuma outra banda me interessava muito, ela se dissipou quando peguei o táxi de volta para o hotel. Depois de esperar quase uma hora em pé, o taxista me arrancou muito mais do que a corrida valia e ainda queria me largar na entrada de Shepshed, no serviço de táxi mais rude que já vi na vida. Primeiro ele disse que me levaria sem problemas, depois ficou me perguntando o endereço, como se estivesse perdido. Depois disse para que eu ficasse tranquilo que ele já sabia onde era, e do nada passou a ameaçar me deixar a uns dois quilômetros do destino final!
13/Junho - Sábado - SHEPSHED/LONDRES
Sem dúvida alguma, o único jeito era rumar para Londres. Despedi-me da dona do hotel, desculpando-me pelo check-out antecipado, e logo peguei o trem em Loughborough rumo à estação londrina de King's Cross St. Pancras. O albergue era o Bestplace in Paddington, que funciona conjugado ao pub The Green Man. O cara que atende o balcão foi simpático, apesar da loucura que era atender ao mesmo tempo o pessoal do bar, da lanchonete e a gurizada do albergue. Eu devo ter ficado mais de meia hora esperando para fazer o check-in!
Almocei no próprio pub e segui então sem rumo certo com o mapinha básico da recepção. O primeiro destino foi Regent's Park, considerado o maior e mais bonito parque da cidade. No fim da tarde retornei ao ponto de partida e sapeei pelas redondezas para me familizarizar com os restaurantes e quituterias!
À noite me juntei a alguns novos colegas no pub, tomei alguns pints de Guinness e Beck's Vier e assisti a um festival de bafões no karaokê e a algumas velhinhas requebrando como se tivessem 20 anos. Sim, o negócio lá é nesse nível: enquanto algumas moças de 30 já têm vergonha de sair de casa no Brasil, em Londres não existe limite de idade!
14/Junho - Domingo - LONDRES
Esquilo manso que comeu da minha mão no Hyde Park
Caramba, perdi o café da manhã por causa da cachaça! Também acordei com uma dorzinha de cabeça que me fez recorrer à minha reserva de aspirinas.
Num dia dedicado exclusivamente à caminhada (para tirar a ferrugem de viajante dos pés), desci a Edgware Road até o Hyde Park, zanzei pelo palácio de Buckingham e depois comecei a subir a Piccadilly, parando para almoçar por lá mesmo. Virei rato de lojas pelo resto da tarde em toda a área, e no final do dia retornei ao hostel pela Oxford Street. Fiquei tão detonado pela andança que acabei apagando por uma hora e meia. Difícil foi pegar no sono mais tarde - quando eu desci ao pub por causa da insônia peguei um pessoal jogando boliche no Nintendo Wii. Primeira vez que vi um funcionando, e me deu uma saudade de um DoDonPachi ou um Darius...
15/Junho - Segunda-feira - LONDRES
O metrô é o melhor amigo de todos que desejam conhecer uma cidade como Londres em poucos dias. A primeira parada foi Wimbledon, mas infelizmente descobri que as quadras só estariam abertas para visitas no dia 22 mesmo. Fazer o quê, né?
No Kensington Gardens parei um pouco para almoçar um baguete enorme, e depois desci a Kensington High Street. Na busca por um cartão de memória mais espaçoso para minha câmera, acabei encontrando uma perto da Russell Square. No final do dia cheguei até a Tower Bridge, a última das pontes famosas ao longo do Tâmisa, e peguei o metrô até Notting Hill. Depois de um lauto jantar italiano, a chuva finalmente resolveu atrapalhar e abreviou minhas andanças por ali. E, como diria um cuiabano nato: "que tchuva dgeláááda"!
Tower Bridge, uma das mais famosas pontes londrinas
sobre o Tâmisa
16/Junho - Terça-feira - LONDRES
A primeira parada do dia foi nas lojinhas e na vizinhança de Covent Garden. Um bom achado foi uma loja muito boa de HQs onde encontrei, finalmente, a única edição de X-Men que a Abril não publicou (XM 35)! Dediquei o resto do dia então a uma caminhada relaxante ao longo do Tâmisa, conhecendo cada uma das pontes e os locais mais famosos das redondezas.
17/Junho - Quarta-feira - LONDRES
Antes mesmo de chegar a Amsterdam eu já senti como se estivesse na cidade. O bairro de Camden Town é quase como se fosse a capital da Holanda! Zanzei bastante pelas lojinhas e almocei no Nando's, por recomendação do Dudu MB (Mineiro Bandido). Realmente, bom ambiente, com comida boa e barata. Depois de passar numa LAN House por meia hora baixei na estação de St. Pancras para comprar a passagem do dia seguinte e cheguei até Liverpool Street. De novo começou a chover, mas logo parou e então foi a vez de andar pelas ruas de Chelsea, no outro lado da cidade. E dessa vez o frio bateu um pouco mais forte. Para me despedir de Londres, o jeito então foi tomar mais alguns pints no pub do hostel e apagar, né?
18/Junho - Quinta-feira - LONDRES/AMSTERDAM
Viajar de Eurostar de Londres a Bruxelas não é nenhum trem-bala, mas é ótimo também. Não fui para Paris porque não havia mais vagas, e portanto tive que passar pela bela capital da Bélgica, na minha opinião um dos destinos mais subestimados da Europa. A logística para validação do meu Eurail Global Pass, no entanto, foi uma bagunça. A estação de trem é mal sinalizada, e não existe um guichê padrão para Eurail Passes. O sistema de senhas do atendimento é extremamente confuso, e quando chegou minha vez a dona me passou um sabão porque eu "teria passado na frente de umas 50 pessoas". "Mas, dona, a minha senha é a que tá aparecendo aí no telão!". Whatever!
Vista de um dos belos canais de Amsterdam
Já ouviram falar na Lei de Murphy aplicada aos viajantes? Na hora de pegar o trem em Bruxelas, o sistema de som da estação só emitia mensagens em francês. Algo errado começou a acontecer quando o pessoal ao meu lado foi desaparecendo e o horário do trem para Amsterdam sumiu do mostrador faltando 3 minutos para partir! Corri para o saguão, vi que a plataforma tinha mudado e saí correndo para a escada 18. Eu e mais uns 2 desesperados entramos correndo no trem, numa cena típica de perseguição hollywoodiana!
Já em Amsterdam, encontrar o hostel foi moleza. A localização era ótima, e quem conhece Amsterdam sabe que trata-se de uma cidade única. Não existe outra como ela, caminhar pelas ruelas e pelos canais no centro da cidade faz você se sentir em outro mundo. Principalmente na área do Red Light District. E zanzar por ali foi o que fiz pelo restante do dia até bem tarde da noite!
19/Junho - Sexta-feira - AMSTERDAM
Frustrante a minha experiência da manhã. Encontrei uma bela loja de jogos antigos, separei uns quatro que queria levar (incluindo uma cópia completa de um Zero Wing europeu) e... o cara falou que não aceitava cartão de crédito!
Caminhei bastante até o extremo sul do centro, e em nenhum momento passei por um trecho monótono. Teve um pedaço dos canais que estava um zum-zum-zum danado, tinha até um palco sendo montado dentro do canal. Os policiais informaram que dali a umas duas horas o presidente da Rússia apareceria. À noite jantei muito bem num ótimo restaurante chinês e me recolhi ao hostel porque a chuva ameaçou me pegar de novo e também porque teria que levantar cedo para viajar para Copenhague.
A Pequena Sereia de Copenhague e os turistas em ação
20/Junho - Sábado - AMSTERDAM/COPENHAGUE
Acordar cedo às 6h me deu a certeza de que as noites por lá duravam menos de 5 horas. Rumei para a estação e fiz o baldeamento básico por Utrecht, Osnabrück, Hamburgo e Copenhague. Fui surpreendido depois da parada em Bremen por uma dona que tinha o lugar marcado, mas no trecho entre Hambugo e Copenhague fui mais esperto e reservei um assento na primeira classe por 5 euros. Eu sei que é pouco, mas bem que isso poderia estar incluso no Eurail Pass... Durante a viagem há um trecho de barco (ferry), onde todo o trem é colocado dentro do barco, muito legal!
Chegando à capital da Dinamarca, descobri que havia perdido a folha com todos os dados do hostel (endereço, etc.), aí tive que apelar para um internet café da própria estação de trem. Peguei o endereço e saí no rumo - um velho safado me deu uma informação errada e então tive que rodar umas 5 quadras em falso até chegar ao lugar, que ainda assim ficava perto da estação e bem perto da área dos puteiros!
21/Junho - Domingo - COPENHAGUE
O Domingo numa cidade como Copenhague é cruel para quem deseja andar pela área de compras. Ainda bem que o dia foi bem preenchido com uma caminhada rumo à costa, aproveitando o roteirinho básico do mapa disponível no hostel (tão bom que nem precisei comprar um mapa mais detalhado). Passei por vários pontos históricos até chegar à "pequena sereia", o símbolo da cidade, o Maneken Pis de Copenhague. O sol resolveu brilhar bastante depois de uma chuva ameaçadora, que me obrigou a comprar (pela enésima vez e sempre quando estou viajando) um guarda-chuva. Nem vou dizer que não precisei abrir o dito-cujo, e que ele chegou ao Brasil fechadinho...
Vista de Copenhague do topo da igreja Our Saviors
Passei a seguir pelo parque do rei (King's Gardens) e subi na torre redonda (Round Tower), de onde foi possível ter uma boa vista aérea da cidade. Dentro da mesma torre havia uma dessas exposições de arte idiotas, vazias e abstratas, mas deu pelo menos para ver como era a privada dos eruditos no século 17! Depois conheci o Ørtedsparken e decidi descansar os pés no hostel.
22/Junho - Segunda-feira - COPENHAGUE
Antes de me aventurar pela ilha de Christianhavn, sapeei por umas lojinhas no centro e achei algumas pérolas para minha coleção de CDs (como a trilha sonora de Mero Acaso). Já em plena empreitada exploratória, subi num dos melhores pontos para ver a cidade de cima, a igreja Our Saviors, com sua escada espiralada externa. Depois de descer avancei mais ao longo dos canais e cheguei a uma tal de Christiania, um tipo de bairro/festa de natureza bizarra onde o pessoal fuma um brau lascado e faz coisas que nem imagino entre quatro paredes. Obviamente, uma enorme placa proibindo tirar fotografias não me deixou registrar nada... Sinceramente, aquilo é um pouco amedrontador para quem vive fora desse mundo.
Retornei fazendo a caminhada ao longo das trilhas da ilha. Estava descansando no hostel quando me lembrei que ainda não tinha comprado o souvenir da cidade, e saí desesperado para achar uma lojinha aberta. Já era praticamente 7 horas da noite, mas felizmente consegui (quase tudo lá fecha às 6 da tarde). Para encerrar o dia decidi subir a bela Frederiksberg Allé até o parque Frederiksberg Have, só para exercitar mais as pernas. Jantei num ótimo restaurante italiano, e fui vítima de um vinho violento que me fez sair de lá tonto!
Vista da City Hall, em Estocolmo
23/Junho - Terça-feira - COPENHAGUE/ESTOCOLMO
O trem para Estocolmo foi ótimo, sem nenhum dos atrasos que tive indo para Copenhague. Chegando à capital da Suécia, fui surpreendido por um clima simplesmente espetacular, com um sol digno de Cuiabá. Não que eu queira dizer que minha chegada tenha causado o fenômeno, mas ouvi de muita gente que este foi o dia em que o verão realmente começou na Escandinávia.
Fiz o check-in no hostel e saí alucinado para curtir o sol e caminhar pelo píer próximo ao City Hall, um dos pontos obrigatórios para quem deseja conhecer a cidade. Enquanto admirava a vista, fui interpelado por uma mocinha da Cruz Vermelha, e alonguei o papo mais de meia hora só para ouvir sua bela voz e admirar seus olhos claros, enquanto ela me falava sobre uma de suas campanhas. Depois entrei numa estação de metrô para me informar sobre o sistema e continuei na área de Kungsholmen até o final do dia. Ainda tive tempo para renovar meu guarda-roupa com itens importados, conseguir Taito Legends 2 do PS2 e consumir um lauto jantar chinês.
24/Junho - Quarta-feira - ESTOCOLMO
Saindo à luz do dia, desci a rua Drottningsgatan rumo a Gamla Stan, a cidade velha. Percorri praticamente todas as ruelas da graciosa pequena ilha, vi muita coisa bacana e entrei em muitas lojas. Uma delas era um antiquário tão empanturrado que você mal conseguia se mover lá dentro. Fiquei com vontade de pedir para o vendedor pegar um troço que era impossível de pegar no meio da badulaqueira, mas fiquei com dó do cara. Outra loja fantástica em que entrei era dedicada a ficção científica, de mangás a RPGs, passando por filmes e livros.
Indo para Gamla Stan, uma das áreas
mais charmosas de Estocolmo
Já no meio da tarde almocei num McDonald's (eu sei, pecado de viajante), e fui surpreendido por ter que pagar 5 coroas para usar o banheiro dessa joça. Deu só uma pontinha de saudade de Londres nessa hora - porque em Londres há muitos banheiros públicos espalhados pela cidade.
No final do dia subi a cidade até chegar à região de Vasastaden, e passei um bom tempo admirando a vista do parque do Observatório antes de retomar a parte norte de Drottningsgatan.
25/Junho - Quinta-feira - ESTOCOLMO
Depois de conhecer um pouco de Östermalm, peguei o metrô até Vårberg para conferir o famoso mercado de pulgas de Estocolmo (Loppmarkaden), que se mostrou uma decepção. Desci a Götgatan no centro de Södermalm e vi a bolona da Ericsson no horizonte, mas resolvi ficar na região de SoFo mesmo (South of Folksgholmen). Fiz uma cagada quando me guiei pelo mapinha e inventei de caminhar ao longo do píer, pois peguei o caminho errado e tive que enfrentar mais de meia hora de sol na cachola para voltar a uma estação de metrô! Pelo menos eu não estava sozinho, e outros manés caíram no mesmo golpe comigo. Hehehe.
À tarde conheci um pouco do norte de Södermalm, passei pelo belo parque que leva a Långholmen e terminei com uma vista espetacular de Estocolmo sobre a ponte. Então retornei ao centro e tive minha última refeição na cidade na área de Stureplan.
26/Junho - Sexta-feira - ESTOCOLMO/OSLO
A noite foi extremamente mal dormida, mas a viagem de trem para Oslo ocorreu sem nenhum percalço. Assim que me ajeitei no hostel/hotel, peguei minha mochilinha e saí a esmo pelo centro, entrando em vários lugares e achando meio estranho todo mundo estar tocando Michael Jackson em todo lugar, com pilhas de CDs dele logo na entrada das lojas. Só quando entrei num internet café é que fiquei sabendo que o cara tinha morrido! Depois resolvi caminhar um pouco no píer para ver a extraordinária vista do sol sobre Oslo, e então subi para o castelo Akerhus, para ter uma vista ainda mais elevada. Um ótimo passeio, mas extremamente inseguro nas bordas já que não há pára-peitos ou muros para te proteger se você chegar junto à borda. Crianças por ali nem pensar!
A galera local relaxando num dos parques
de Södermalm, em Estocolmo
Passando diante do City Hall havia um vuco-vuco com uma tenda enorme e um espaço fechado... Uma celebração gay! Passei por dentro só para ver um pouco da baderna e segui caminho rumo ao shopping Aker Brygge, apenas para descobrir que ele já estava fechado, e isso às 8 da noite, com o sol ainda a pino. Restou-me conhecer mais um pouco da praça local e caminhar por um trecho da Karl Johanns Gate, a principal rua do centro da cidade.
27/Junho - Sábado - OSLO
Manhã belíssima em Oslo, e metrô rumo ao norte e ao imenso Vigelandsparken (ou Frognerparken, tanto faz). O parque tem mais de 200 esculturas feitas pelo mesmo cara, que vão do convencional ao psicodélico e socialmente ousado. Havia muita gente por ali logo cedo, incluindo alguns brasileiros! De lá peguei o bonde número 12 rumo a Kjelsås para ver toda a cidade, e na volta fui descendo e subindo de novo à medida em que via algo bacana.
À tarde foi a vez de conhecer Grønland, o bairro dos imigrantes. Não gostei. Ali era possível perceber a enorme diferença cultural entre povos: muitos paquistaneses, negros, chineses, gente mais parecida com nós brasileiros, e muito lixo jogado no chão, sujeira em geral e mal atendimento em lojas. Quando tentei comprar uma camiseta numa loja de um chinês, o cara não conseguiu fazer a máquina do cartão de crédito funcionar, tentou falar comigo numa língua que não era inglês NEM norueguês e depois ficou me apontando a porta como se dissesse "rua"! Nem preciso dizer que vazei dali rapidinho e não voltei mais.
No pátio do Castelo Akerhus, em Oslo
Mais um trajeto de bonde para retornar a Akker Brygga, e desta vez peguei o lugar aberto. Na saída sentei num dos bancos para apreciar o movimento e engatei conversa com o Sr. Klausend, um velhinho bastante simpático que mora em Oslo mesmo. Em cerca de uma hora conversamos até sobre o grande molusco brasileiro, e ele me deu algumas dicas sobre locais para visitar. Continuei a caminhada pelo píer (muita mulher bonita, meu Deus do céu!) e depois de descansar um pouco no hostel vazei para Grunnaløkka. Løkka é um tipo de prolongamento de Grønland, onde a mistura de branquelos com imigrantes é homogênea. A quantidade de gente fazendo o tradicional churrasquinho de parques em Sofienbergparken era impressionante, quase não dava para andar no meio do povo!
28/Junho - Domingo - OSLO
Seguindo a dica do Sr. Klausend, peguei a linha de metrô número 3 para Sognsvann, para conhecer um pouco da região montanhosa de Oslo e o famoso lago onde os locais vão para nadar no verão. Na caminhada ao redor do lago, que é enorme, parei um pouco para molhar os pés na água límpida de Sognsvann e curtir o sol, que ainda não era muito forte.
À tarde foi a vez do belo jardim botânico. De lá iniciei uma campanha para visitar três mercados de pulgas na região. Um deles eu não encontrei. O de Blå foi um fiasco, mas o de Birkelunden mostrou-se mais completo. Era para acabar meu dia no palácio real e nos jardins do palácio, mas resolvi me aventurar mais e peguei o bonde para Ekeberg. Descobri um café com vista fenomenal para as ilhas que circundam Oslo, e tomei um expresso vendo o sol sob as nuvens. Ainda tive tempo para ir até o parque St. Hans-Haugen, que também tem boa vista para o centro da cidade, e de lá retornei pela Ullevålsveien até o hostel.
No dia seguinte, foi só alegria dentro de aviões e aeroportos!
Lago Sognsvann, em Oslo
IMPRESSÕES SOBRE HOSTELS (ALBERGUES)
Essa foi a primeira vez em que viajei ficando em albergues. Foi uma experiência interessante.
Nunca fui um cara enjoado. Costumo dizer que basta ter um canto macio para encostar que eu durmo numa boa. Nesta viagem, dormi em 5 albergues. De forma geral, posso dizer que o padrão foi melhorando à medida em que minha viagem prosseguia.
Em alguns deles eu achei o quarto excessivamente pequeno (em Londres) ou a área muito barulhenta (em Amsterdam). Em outros, aspectos técnicos eram um pouco irritantes (em Copenhague o hostel não aceitava cartão de crédito como pagamento). Em nenhum deles tive qualquer problema de segurança, ninguém mexeu nas minhas coisas. Em Londres, porém, fiquei sabendo de um caso em que o laptop de uma garota foi roubado.
Você conhece todo tipo de gente em hostels. Jovens, adultos, senhores e senhoras. Algumas figuras eu não vou esquecer tão cedo, como o "vampiro" (em Londres ele dormia o dia inteiro e saía à noite - só no último dia fui perceber que ele era o barman do turno da madrugada!), a "baleia" (a mocinha volumosa que dormiu na cama de cima em Londres - toda vez em que ela subia no beliche eu pensava que o troço ia desabar), o "cinéfilo" (um cara em Amsterdam que passava o dia inteiro assistindo filmes em seu laptop) ou o "poliglota" (um cara que falava os idiomas de todo mundo na sala em Estocolmo).
Para mim, foi fácil fazer amizade com todos, apesar do pessoal norte-americano ser mais chegado numa panelinha. Os orientais são muito reservados, e não conversam quase nada. O pessoal do Canadá, os europeus e os latinos se mostraram os mais comunicativos.
Para homens, viajar sozinho não é problema nenhum. Para mulheres, recomendo que elas viajem em grupo. É perfeitamente seguro para elas, e notei que as que estavam em turmas de 3 eram as que mais se divertiam.
IMPRESSÕES SOBRE VIAJAR PELA EUROPA DE TREM
É super confortável, e nem precisa ser na primeira classe. Todas as estações de trem em que precisei fazer reserva foram tranquilas, e eu percebi que não existe problema nenhum em comprar a passagem com um dia de antecedência ou mesmo na hora.
O Eurail Pass funcionou bem até a hora em que descobri que era melhor fazer reserva para não correr o risco de ficar de pé no trem. Isso não está no manual deles, e me incomodou um pouco. Trechos entre cidades menores podem ser encarados sem problema sem fazer reserva, mas viajar entre capitais sem a reserva é garantia de incômodo.
MINHAS DICAS PESSOAIS MAIS IMPORTANTES E ÚTEIS
Texto postado por Edward em 3 de Julho de 2009