Juventude (Ingmar Bergman, 1951)
Com: Maj-Britt Nilsson, Birger Malmsten, Georg Funkquist, Stig Olin, Alf Kjellin
Há duas perspectivas quando se assiste a um filme como Juventude: a dos que conhecem a obra de Bergman (ou pelo menos os filmes mais famosos) e a daqueles que jamais tiveram contato algum com o diretor sueco. Se você faz parte da primeira categoria, como eu, certamente se deparará com uma amostra embrionária de muitos dos temas dos quais ele trataria de forma mais aprofundada em suas futuras obras-primas. Os espectadores pertencentes à segunda categoria vão provavelmente se espantar com a inocência injetada na história do primeiro amor da bailarina Marie (Maj-Britt Nilsson), numa série de memórias que a moça revive enquanto ela passa por um período conturbado de sua vida adulta. Não acredito que Bergman tenha sido completamente bem-sucedido na caracterização do rapaz, e a atmosfera de tragédia que paira sobre toda a história contrasta de forma dolorosa com a mensagem final, condensada na belíssima tomada que encerra o filme. Ainda assim, tirando um grave deslize na edição da cena do barco, Juventude é tecnicamente um deleite em sua simplicidade e seus enquadramentos bergmanianos.
Arquivo X - O Filme (Rob Bowman, 1998)
Com: David Duchovny, Gillian Anderson, Martin Landau, John Neville, William B. Davis
Arquivo X foi provavelmente a última série de TV à qual assisti com regularidade, depois de Dawson's Creek. Quando Arquivo X - O Filme foi lançado, portanto, eu era espectador assíduo. Depois de praticamente 10 anos, esta revisão serviu para finalmente avaliá-lo de forma isolada, desvinculada das histórias produzidas para a tela pequena.
Como uma ficção científica singular, o filme não consegue ir muito além da média no que diz respeito ao que já foi feito dentro da vertente da ficção científica envolvendo seres extra-terrestres. Tudo o que ficamos sabendo no início é que Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson) são dois agentes do FBI cujo departamento de investigação (o tal X-Files) acaba de ser dissolvido. Enquanto aguardam novas resoluções, ambos são tragados para um novo mistério envolvendo uma conspiração em escala global que parece estar encobrindo o ressurgimento de um vírus letal trazido à terra por ETs.
Tanto o vírus como praticamente todos os personagens são recorrentes da série, o que torna o longa imediatamente atraente para os fãs. Para quem jamais ouviu falar de X-Files, é praticamente inevitável a sensação de que o bonde já está andando há muito tempo, pois é impossível compreender a importância de personagens como o Canceroso (William B. Davis, a figura misteriosa que sempre aparece fumando) ou o impacto do destino reservado a John Neville, um dos muitos velhinhos misteriosos que guardam a maior parte dos segredos do universo dos agentes. Pelo menos a história é conduzida de forma elegante e ligeiramente ambiciosa, com uma boa caracterização do contraste ideológico existente entre Mulder e Scully. Não é o suficiente para fazer com que o filme seja bombástico, mas garante que a transição do seriado para o cinema não seja um desastre, coisa que ocorre na maioria dos casos em que os produtores decidem realizar tal empreitada.
Divagações postadas por Kollision em 1 de Agosto de 2008