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Retrospectiva Cinematográfica - Setembro/2004

Kollision?????

Trilha inspiradora durante a elaboração deste post: Bill & Ted's Bogus Journey (1991), com Faith No More, Kiss, Primus, Megadeth, Steve Vai.

Setembro foi um mês bastante fraco em quantidade. 13 filmes de vários gêneros, e nenhum exclusivamente do meu gênero preferido! Um dos dois que chegou perto do estilo foi na verdade uma decepção: Alien Vs. Predador nem de perto honra a qualidade das séries originais, e resultou num espetáculo estéril, mal-filmado e indigesto.

O outro filme que flerta com o terror, mas não chega de fato a trilhar este caminho, foi A Vila. Estranhamente, esta obra recebeu críticas ferrenhas em alguns lugares, o que me espanta sobremaneira. História bem contada, sem malabarismos mirabolantes e extremamente pé no chão (mas daí eu já estou entregando demais o roteiro para quem ainda não viu? Não creio...). Talvez pelo fato de quase todos sempre esperarem algo como o novo O Sexto Sentido do diretor M. Night Shyamalan, as reações negativas pipoquem com eloqüência desmedida. Uma injustiça que fere meus ouvidos de cinéfilo.

Em oposição ao mês passado, a quantidade de filmes revistos este mês foi bem reduzida. Revi somente três filmes, todos comédias. A Lente do Amor e Um Peixe Chamado Wanda são razoáveis e divertidos. Mas Vida Bandida é um filmaço, destes que infelizmente são regularmente subestimados pelo grande público. Merece ser redescoberto por quem nem viu passar nos cinemas, em meio ao rebuliço dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Tirando os filmes que tive a oportunidade de ver no cinema, os novos que vi foram em sua totalidade dramas, talvez com exceção de Encontros e Desencontros. De tanto ver o trailer do premiado filme de Sofia Coppola, eu já estava completamente apaixonado pelo filme, que foi veementemente ignorado pelos cinemas da minha cidade na época de seu lançamento em circuito nacional. Mas Encontros e Desencontros é legalzinho, e só. Scarlett Johansson linda, história boêmia e sonolenta, com um final que vale todo o filme.

Steven Spielberg é um cara do além mesmo. Do além de competente. Duas obras-primas do mestre enriqueceram minha memória cinematográfica e, claro, meu acervo. A Lista de Schindler, extraordinário, indescritível, a consagração perfeita de um cineasta há muito tempo ignorado pela Academia que controla os tão cobiçados Oscar. O contraste de premiações e reconhecimento é incrível quando este filme é comparado a A Cor Púrpura, que não fica atrás em termos de realização dramática. Verdadeiramente tocante, o filme foi indicado a 11 Oscars e não ganhou nenhum!

Outro Spielberg que vi, no cinema, não me agradou tanto. O Terminal, último filme dele, mostrou-se algo estéril e indicou um certo retrocesso. Ainda que provido de cenas engraçadas (pois trata-se de uma comédia), não se insere nem de longe nos melhores exemplares já dirigidos pelo homem.

Bernardo Bertolucci e seu Último Tango em Paris não corresponderam à minha expectativa. Com muita encheção de lingüiça, soou até mesmo um pouco pretensioso. E a cena em que Brando pede à moçoila para provar seu amor por ele, pouco antes do final? Ai, ai, ai... Não vou dizer a mesma coisa de Fellini e seu Oito e Meio, que provou ser um desafio maior que o esperado. Ao contrário de A Doce Vida, que eu vi há uns dois meses e adorei, este literalmente escancarou minha presente falta de sintonia com a linguagem do cara. Deu até sono, para falar a verdade (nada que um aperto em STOP e uma retomada algumas horas depois não resolvesse), mas eu ainda tenho em mente assisti-lo uma segunda vez e tentar entendê-lo melhor. Afinal, um filme não adquire aura de obra-prima ao acaso. E eu tenho boa vontade com Fellini, vamos ver...

No cinema, assisti ainda a Rei Arthur. Meu conhecimento acerca das lendas não é lá grande coisa, então não foi com grande revolta que vi as cenas que se sucediam com a habitual marca de qualidade do produtor Jerry Bruckheimer. Não foi uma completa perda de tempo, mais culpa do elenco muito bem escolhido e caracterizado que do roteiro. Algo completamente diferente do novo delírio de Charlie Kaufman, o fascinante Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, com Jim Carrey e Kate Winslet protagonizando uma história de amor bizarra, moderna e desprovida dos conhecidos cacoetes cômicos de Carrey.

Nenhuma das trilhas sonoras destes filmes possui um "punch" característico, que fisga logo à primeira audição. As que se sobressaem são, marcadamente, aquelas dos filmes de Spielberg, assinadas por John Williams (A Lista de Schindler e O Terminal) e Quincy Jones (A Cor Púrpura), com Nino Rota correndo por fora em Oito e Meio.

Texto postado por Kollision em 2/Outubro/2004