Conversando com uma super amiga recentemente um dia desses, discutimos um pouco sobre coisas supérfluas mas legais. Coisas que se diz sem pensar, e possuem um quê humorístico que transcende a sua própria falta de sentido. Coisas que não têm razão para serem proferidas, mas ainda assim o são. Coisas que, apesar de idiotas, acionam a parte do cérebro responsável pelo bem-estar e pela sensação de alegria, às vezes capazes de causar um sorriso ou uma risada de forma tão espontânea que chegamos a nos surpreender com nossas reações. Coisas tão bobas, mas tão bobas, que chegam a ser legais, um oásis numa conversa sem-graça e desinteressante, uma luz capaz de reacender o senso de humor e uma flecha na testa do baixo-astral.
Rotulamos tais idiotices às vezes bem-vindas como "boburas". Imediatamente, passou pela minha mente a idéia de que talvez este termo existisse no dicionário. Bem, acabei de conferir, e essa palavra não existe mesmo na língua portuguesa (mesmo que usada de forma corrente por muita gente com um mínimo de senso de humor). O mais próximo que encontrei foi:
boburé - adj. m. e f. Etnol. Relativo aos Boburés, indígenas que habitam as cachoeiras do Rio Tapajós. S. m. e f. Indígena dessa tribo.
Bem, depois de enriquecer meu vocabulário e meus conhecimentos gerais sobre a nação indígena de nosso país, voltei a divagar sobre o termo "bobura". O que pode ser enquadrado como bobura? Olhem essa piada:
Difícil ouvir piada mais imbecil que esta. Ainda assim, podemos nos pegar rindo alguns instantes depois de tê-la ouvido. De tão idiota, ela acaba sendo engraçada. Isso é bobura.
Filmes que, de tão bobos, são legais: Barbarella, clássico da ficção científica com Jane Fonda; O Ataque dos Tomates Assassinos, onde os tomates engendram uma vingança implacável contra a humanidade; Débi & Lóide, com o célebre "I-like-it-a-lot!" de Jim Carrey; Zoolander, sátira infame do mundo da moda, etc.
Sob qualquer ponto de vista, a presença de "boburas" em nossas vidas é algo que deve ser valorizado. Pessoas que cometem "boburas", que falam "boburas", que vivem "boburas", que sabem reconhecer "boburas". Por que valorizar coisas imbecis? Calma aí... A bobura pode ser imbecil, mas nem toda atitude imbecil possui o status edificante de uma boa bobura. Ouvir uma bobura de quem se gosta, depois de um dia extenuante de trabalho, pode afastar o cansaço e trazer o bom-humor de forma quase milagrosa. Um exemplo é a Lindinha, nossa colunista esporádica. Ela é rainha das boburas, como muitos dos leitores podem comprovar através dos posts algo alucinados e às vezes incompreensíveis de nossa musa. Por isso ela ainda tem lugar garantido na equipe, mesmo cometendo muitas besteiras (e quando digo muitas, é muitas MESMO!).
Despeço-me deste post desejando muitas boburas a todos! Que vocês ouçam, presenciem e façam algumas de vez em quando. Não custa nada, e não é a mesma coisa que se passar por idiota. Vida longa ao bom humor e ao nonsense!
Texto postado por Kollision em 30/Agosto/2004