Projeto de Ben Stiller, que aqui atua, co-escreve e dirige, Zoolander é um experimento que, dependendo da platéia, dá certo. Digamos que é preciso ter um certo estado de espírito para encarar uma sessão deste filme, já que o humor é escrachado, debochado e completamente direcionado às características e excessos do mundo da moda.
Zoolander é o sobrenome de Derek, um super modelo que às vezes acha um fardo ser ridiculamente bonito. Sob os holofotes do mundo da moda, ele desfila sua imensurável carga de inteligência asinina, enquanto os fãs aguardam ansiosamente pelo seu olhar "Magnum", que deve ser logo incorporado à galeria fotográfica daquele que é considerado o maior modelo do mundo. Mas Derek Zoolander pode perder seu trono para o novato Hansel (Owen Wilson), cuja carreira meteórica tira-lhe o prêmio de melhor modelo do ano. Quando Derek protagoniza um episódio vergonhoso diante de milhões de pessoas, o inescrupuloso agente de moda Mugatu (Will Ferrell, histérico) decide usar Zoolander e sua burrice num plano mirabolante para assassinar o primeiro-ministro da Malásia.
"Mas isso não faz sentido algum!" é a primeira coisa que vem à mente. Porém, o motivo desta trama é somente um pretexto para um satírico desfile de impropérios non-stop. Tudo é exagerado, desde as situações até as interpretações. O filme é tão imbecil, tão fora dos eixos, que chega a ultrapassar a linha divisória do que pode ser chamado de idiota, e assim torna-se um passatempo agradável se a proposta do espectador é ver burrice em dose bruta e se divertir com isso. Associado aos absurdos do mundo da moda, que aqui são elevados ao quadrado, o roteiro de Stiller tenta combinar gags visuais com músicas selecionadas a dedo. O resultado é tão mais engraçado quanto mais a platéia for capaz de sacar o propósito e compreender as letras das canções, além de reconhecer as inúmeras participações especiais de artistas do show biz americano. Referências a outros longas estão também presentes, como a tiração de sarro com Rocky e 2001.
Talvez por isso as reações dos espectadores sejam tão distintas de uma pessoa para outra. Se ao menos a opinião de quem está assistindo não for favorável à carga humorística do filme, com certeza haverá bastante diversão somente em reconhecer as aparições de todo mundo ao longo da projeção. Ainda assim, mesmo que ao seu término a impressão que fique é que tudo o que foi visto foi um grande compêndio sobre o "nada", não há como negar que alguns momentos são definitivamente engraçados.
A continuação Zoolander 2 foi lançada quinze anos depois, em 2016.
Há uma carga relativamente boa de extras no DVD, tão idiotas quanto o filme, com cenas excluídas, estendidas (com comentários de Stiller) e erros de gravação, além de paródias do VH1/Vogue Fashion Awards, comerciais e galeria de fotos.
Texto postado por Kollision em 15/Julho/2004