Nem o diretor Rob Cohen nem o astro Vin Diesel quiseram voltar para esta continuação, um meio que alegando que não faria o filme sem o outro. Como franquias de sucesso não esperam o burro descansar na sombra, os produtores mantiveram o outro co-astro e chamaram um diretor com um razoável currículo "urbano" para comandar a empreitada. Pode-se dizer que John Singleton e Cohen se equivalem estilisticamente, principalmente quando se faz a inevitável comparação entre a ambientação dos dois Velozes e Furiosos. Como longas de puro entretenimento, no entanto, os dois filmes têm identidades bastante distintas (o herói faz o caminho inverso desta vez) e divertem com um requinte visual especialmente direcionado a quem aprecia carrões incrementados.
Agora um ex-policial, Brian O'Conner (Paul Walker) está completamente inserido na cultura underground em que se infiltrou no passado, participando e vivendo de rachas ilegais organizados pelo chapa Tej (Chris 'Ludacris' Bridges) nas ruas de Miami. A chance de ter a ficha limpa pelo deslize que cometeu no filme anterior surge quando ele é procurado por dois agentes do FBI (James Remar e Thom Barry, este último o outro único remanescente do primeiro filme) para ajudar uma bela agente infiltrada (Eva Mendes) a desbaratar as operações do chefe de um cartel mafioso (Cole Hauser). Para auxiliá-lo na tarefa, Brian exige que seu parceiro na operação seja o amigo de infância Roman Pearce (Tyrese Gibson), um brutamontes desconfiado que tem sérios problemas com autoridade.
Para uma seqüência que não consegue superar o longa original, mas passa perto, o filme tem lá seus méritos, como o fato de fornecer uma ambientação diferente e ao mesmo tempo dar uma continuidade decente à história do jovem policial atraído pelo outro lado da lei. O roteiro é básico mas não ofende, a ação é razoável e convence como entretenimento rasteiro, a quantidade de carros turbinados é ainda maior que antes, e percebe-se um upgrade respeitável no elenco de belas mulheres... Leia-se a estonteante Eva Mendes, definitivamente a melhor escalação do filme. Sua participação é visualmente refrescante, por assim dizer, já que é ela quem salva todo o departamento feminino do longa.
E a ausência de Vin Diesel não chega a afetar o resultado do filme, o que foi um dos maiores temores de quem acreditava que o sucesso da primeira história devia-se exclusivamente a ele. Uma coisa é certa: sem Diesel, o jeitão de adolescente de Paul Walker fica ainda mais evidente, principalmente ao lado de Tyrese Gibson. Felizmente, para o bem da história, a sensação que predomina é a de que ao menos o universo de Brian O'Conner amadureceu um pouco, com desafios mais perigosos e um vilão de verdade na caracterização sinistra de Cole Hauser, um cara que parece ter nascido para fazer papéis assim. A seqüência da tortura com a ratazana é uma das mais originais que já vi, merece entrar para os anais das melhores cenas no estilo.
A seção de extras do DVD vem com uma faixa de comentários de John Singleton, um curta-metragem de pouco mais de 5 minutos que serve de ponte entre este filme e o primeiro (que pode ser visto em conjunto com o longa), um making-of de 10 minutos, 6 minutos de cenas excluídas/estendidas, erros de gravação, especiais curtos sobre o processo de tuning de um dos carros do filme, os dublês e a filmagem do videoclipe do rapper Ludacris, e três trechos de bastidores para cada um dos corredores principais da história: Paul Walker, Tyrese Gibson e o monstrinho Devon Aoki.
Texto postado por Kollision em 17/Agosto/2006