Gente pentelha e folgada existe aos montes por aí. Owen Wilson passa a integrar com este filme a mesma categoria da qual fazem parte John Candy em Antes Só do que Mal Acompanhado (John Hughes, 1987) e Bill Murray em Nosso Querido Bob (Frank Oz, 1991), dois notórios malas sem alça que nos filmes citados atormentaram as vidas de Steve Martin e Richard Dreyfuss, respectivamente. As vítimas da vez são o casal feito por Matt Dillon e Kate Hudson, num trabalho que não consegue sair da média em sua maior parte graças aos clichês que os diretores não conseguem contornar com a necessária personalidade.
Dupree (Wilson) perde o emprego e fica sem ter onde morar, tudo para comparecer como padrinho ao casamento do melhor amigo Carl (Dillon) com a professora Molly (Hudson). Sensibilizado com a situação do rapaz, Carl oferece um cantinho em sua casa nova para ele passar as noites até encontrar um local fixo. Só que as liberdades de Dupree no novo lar do casal vão piorando dia a dia, assim como piora a pressão profissional e pessoal do pai da moça (Michael Douglas) sobre seu funcionário e agora genro Carl, já que o velho visivelmente jamais foi a favor da união dos pombinhos.
O pré-requisito essencial para poder curtir o filme é o mesmo de sempre: desligar o cérebro e tentar imaginar que realmente possa existir alguém como o tal Dupree, o que em termos práticos é impossível. É óbvio que, em algum ponto da história, o cara vai tentar se endireitar para não ficar muito feio na foto diante das cagadas que faz, o que trará à tona seu lado bom e blá-blá-blá. Vai fazer cara de coitado e inspirar dó no casal atormentado e na platéia, e vai levar um deles à beira do colapso. E, no final das contas, vai acabar de bem com tudo e com todos porque ele, apesar de tudo, é um cara de boa índole e coração enorme. Malvados somos nós e suas vítimas por desejar mandá-lo procurar seu rumo, coitado...
Quem parece se divertir muito é Michael Douglas, isso sim. Num filme que não inspira gargalhadas rasgadas, os melhores momentos acabam sendo o delírio de Carl em que sua esposa aparece no barco do chefe junto com Dupree e o desespero de um dos amigos de Carl por sua coleção de fitas pornográficas, descoberta e jogada fora por Molly graças à "sutileza" do intruso folgado. O resto é o enchimento de lingüiça básico, às vezes com umas forçadas de barra, outras sem muita graça mesmo.
Owen Wilson nasceu para fazer papéis como o deste filme, basta olhar pra cara do caboclo. Mas agüentar mais uma vez a parábola sobre o folgado de bom coração pode não ser o mais indicado para quem procura algo diferente do corriqueiro. Basicamente, o longa vale uma espiada somente se não houver coisa melhor para se ver.
Visto no cinema em 22-OUT, Domingo, sala 3 do Multiplex Pantanal - Texto postado por Kollision em 26-OUT-2006