Visto no cinema em 3-JUN-2016, Sexta-feira, sala Cinemark 6 do Shopping Goiabeiras
Reescrever a saga dos mutantes no cinema após a alteração no continuum temporal promovida ao final de X-Men - Dias de um Futuro Esquecido tinha tudo para ser algo precioso, que se fosse feito com carinho poderia no mínimo igualar as emoções suscitadas pela já quase distante trilogia original. E ao abraçar a tarefa mais uma vez, acredito que o diretor Bryan Singer cometeu um único erro, infelizmente crucial para o potencial início de uma nova franquia: ele foi muito ambicioso.
A ambição, no caso, se refere exclusivamente à escolha do antagonista do novo filme. Notoriamente um dos inimigos mais formidáveis dos mutantes, Apocalipse (Oscar Isaac) renasce nos anos 80 e logo está colocando em marcha sua doutrina de que somente o mais forte sobrevive. Para isso ele recruta quatro mutantes para serem seus "cavaleiros": um desolado Magneto (Michael Fassbender), Tempestade (Alexandra Shipp), Anjo (Ben Hardy) e Psylocke (Olivia Munn). Magneto é também o elo de ligação que volta a fazer com que os caminhos de Mística (Jennifer Lawrence) se cruzem com a equipe de mutantes que está sendo formada por Charles Xavier (James McAvoy) em sua escola no condado de Westchester.
Analisando o argumento do filme em relação a toda a bagagem das HQs, fica muito claro que no momento temporal em que os X-Men aqui se encontram não deveria haver espaço para um vilão como Apocalipse. Como pode uma criatura quase onipotente como ele ser colocada contra um grupo de heróis que ainda mal consegue controlar seus poderes? A galeria de vilões dos X-Men é vasta e poderia muito bem ter aproveitado personagens como Cameron Hodge, Cassandra Nova, Proteus, Legião, os Morlocks, Mojo e Espiral, Omega Red, a Falange, Fabian Cortez, toda a Terra Selvagem, Sr. Sinistro, os Carniceiros, etc... A lista é imensa e inclui muitos outros potenciais candidatos a bons personagens em celuloide. Em vez disso, os executivos da Fox queimaram um grande vilão num filme que chega a empolgar em passagens isoladas mas não desenvolve personagens direito, falha na caracterização dos quatro cavaleiros (eles estão ou não sob domínio do monstro quando se lançam na missão de destruir o mundo?) e erra na escalação de um membro crucial da equipe (Jean Grey, interpretada por Sophie Turner). Sem contar as ligações tênues e pouco convincentes entre um ponto e outro da história, sendo a mais audaciosa delas a participação de Mercúrio (Evan Peters), que no fundo não passa de uma ode ao fenomenal trabalho da equipe de efeitos especiais.
A saga dos heróis mutantes chega ao fim na continuação X-Men - Fênix Negra, lançada três anos mais tarde.