Cinema

Videodrome - A Síndrome do Vídeo

Videodrome - A Síndrome do Vídeo
Título original: Videodrome
Ano: 1982
País: Canadá, Estados Unidos
Duração: 87 min.
Gênero: Terror
Diretor: David Cronenberg (Na Hora da Zona Morta, A Mosca, Gêmeos - Mórbida Semelhança)
Trilha Sonora: Howard Shore (Depois de Horas, Brincando com Fogo, Nadine - Um Amor à Prova de Balas)
Elenco: James Woods, Sonja Smits, Deborah Harry, Peter Dvorsky, Leslie Carlson, Jack Creley, Lynne Gorman, Julie Khaner, Reiner Schwartz, David Bolt, Lally Cadeau
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 6

Um dos cineastas cujo nome sempre foi conceituadamente associado ao bizarro é o do canadense David Cronenberg, cujos filmes, mesmo os menos conhecidos e admirados, jamais deixam de entregar algo fora do comum, capaz de diferenciá-los bastante das demais obras similares em seu gênero e de despertar as mais distintas reações graças a isso. Videodrome faz parte da parcela mais descartável de sua filmografia, com uma mistura estranhíssima de horror B e escapismo psicológico. Pontuada por alguns bons momentos de sangueira explícita, a história transita entre a realidade e a imaginação com resultados no mínimo duvidosos, mas que justificam uma olhada por parte dos admiradores de Cronenberg e dos apreciadores do cinema de horror em geral.

Na história, o diretor de um canal de TV de última linha Max Renn (James Woods) está à procura de qualquer novo material que lhe dê ibope, quanto mais polêmico melhor. Graças à assistência de um ajudante, ele consegue piratear uma freqüência que só mostra cenas de tortura, mutilação e assassinato, chamada simplesmente de "Videodrome". Impressionado e disposto a levar o material ao ar, Max mostra-o à namorada masoquista Nikki (Deborah Harry, vocalista da banda Blondie), para depois partir em busca dos autores do programa acreditando que ele não passa de uma série de cenas chocantes cuidadosamente produzidas. É o início de um pesadelo ambulante que envolve completamente a vida de Max, que passa a ter alucinações bizarras que pioram tão logo ele se encontra com a filha do homem que aparentemente comanda o show (a bela Sonja Smits).

Parece que, assim como a marginalidade presente na trajetória do personagem Max, todo o filme foi concebido como uma obra da "madrugada" - aquele tipo de filme que se encaixa perfeitamente nas programações das madrugadas da TV aberta. Estranho o suficiente para não atrair o público num horário mais módico, e desconexo o bastante para garantir o interesse dos insones. Cronenberg emprega seu estilo inquieto para dar vida a um roteiro que beira o ridículo, e faz um trabalho extremamente decente neste sentido, conseguindo burlar verdadeiras armadilhas da história ao transformá-la num pesadelo que a partir de determinado ponto de mescla com a realidade num quebra-cabeças de assimilação confusa, calcado nas alucinações e na inevitável insinuação de loucura do personagem principal. Somos jogados no pesadelo junto com ele, e imersos na mesma desorientação.

Não é preciso fazer muitas divagações para perceber que a idéia de uma "missão ou seita dos raios catódicos", retratada no filme como uma forma de alienação e controle de uma sociedade escrava da mídia, encontra um respaldo mais sutil e velado em nossa realidade. Basta analisar o fascínio que os snuff movies exercem sobre as pessoas, além de toda a porcariada que a TV é capaz de despejar sobre seus próprios espectadores. Uma coisa não tem muito a ver com a outra, mas a cultura snuff é o extremo que o filme de Cronenberg utiliza para desvirtuar a rotina do deplorável executivo de TV feito por James Woods. O ator está bastante à vontade no papel, já que consegue manter um semblante no mínimo digno nas cenas mais, digamos, arriscadas da programação assassina nada subliminar que toma conta de sua vida.

Os extras do DVD consistem somente do trailer do filme.

Texto postado por Kollision em 31/Julho/2006