Cinema

As Filhas de Drácula [1971]

As Filhas de Drácula (1971)
Título original: Twins of Evil
Ano: 1971
País: Inglaterra
Duração: 84 min.
Gênero: Terror
Diretor: John Hough (Piratas da Ilha do Tesouro, A Casa da Noite Eterna, Fuga Alucinada)
Trilha Sonora: Harry Robertson (Carmilla - A Vampira de Karnstein, Luxúria de Vampiros, A Condessa Drácula)
Elenco: Peter Cushing, Damien Thomas, Madeleine Collinson, Mary Collinson, Dennis Price, David Warbeck, Isobel Black, Kathleen Byron, Katya Wyeth, Harvey Hall, Alex Scott, Judy Matheson, Luan Peters, Roy Stewart
Distribuidora do DVD: London Films
Avaliação: 7

Uma das curiosidades pelas quais o filme As Filhas de Drácula mais é lembrado hoje em dia é o fato dele ser estrelado pelas primeiras gêmeas a serem capa da revista Playboy, isso no ano de 1970. Ser o terceiro filme de uma trilogia baseada no trabalho do escritor irlandês Sheridan Le Fanu quase não conta, já que não há praticamente vínculo algum com as obras anteriores, a não ser o nome da linhagem de vampiros que atormenta uma região inóspita do velho mundo: os Karnstein. O que é ainda mais estranho é que não dá para se ter idéia alguma de situação temporal na história, que provavelmente deve se passar antes dos eventos mostrados em Carmilla - A Vampira de Karnstein e sua seqüência, Luxúria de Vampiros.

Após perderem os pais, as gêmeas Maria (Mary Collinson) e Frieda (Madelaine Collinson) passam a viver sob a tutela de seu tio Gustav Weil (Peter Cushing). Maria é boazinha e obediente, enquanto Frieda tem a personalidade explosiva, lasciva e inquieta, do jeito que o diabo gosta. Weil é um extremista religioso que lidera uma polícia local de caça às bruxas, responsável por queimar na fogueira jovens inocentes acusadas de compactuar com o demônio. Um de seus inimigos é o conde Karnstein (Damien Thomas), um nobre acobertado pelo rei que vive em pecado e desdenha de todas as atividades de Weil. Sua busca pelo caminho das trevas coincide com o interesse de Frieda em conhecer seu castelo, o que dá origem à terrível linhagem vampírica da família Karnstein.

É preciso relevar algumas inconsistências deste filme em relação ao mito dos vampiros da forma como ele é comumente conhecido. A inclusão do nome "Drácula" na tradução do título passa uma idéia errônea sobre a história, que nada tem a ver com o famoso conde da Transilvânia. Aqui, os vampiros podem não ter reflexo no espelho, mas saem sob a luz do sol sem nenhuma preocupação com sua tenra pele imortal. Não sei se isso é característica do texto de Le Fanu. São detalhes que passam despercebidos do espectador médio, mas não dos aficcionados. Felizmente, isso não chega a ferir a narrativa, que desta vez traz a onipresente Mircalla Karnstein apenas numa participação especial. A vampira é personificada por uma tal de Katya Wyeth (Ingrid Pitt declinou o convite para reprisar o papel) e contém uma emblemática cena de dissimulação que se passa durante a surreal seqüência de sexo com o conde Karnstein. Mais precisamente, a simulação de masturbação com uma vela!

Independente dos detalhes vampíricos, este é, indubitavelmente, o melhor dos três esforços da Hammer em adaptar a fonte de Sheridan Le Fanu para o cinema, desde o roteiro mais sólido até as belas moças que lideram o elenco. Ambas as gêmeas Collinson foram dubladas, mas isso pouco importa diante do carisma que elas deixam transparecer em cena, transmitindo de forma razoável a diferença de personalidades que a história exige. Outros motivos que deixam clara a superioridade deste filme em relação aos outros dois é a definição consistente entre o bem e o mal, ainda que esta seja maculada pela visão deturpada de justiça do personagem de Peter Cushing, que confirma aqui seu talento como um dos melhores atores que já trabalharam no gênero. A ameaça representada pelo nome Karnstein toma uma forma mais física através da performance enérgica de Damien Thomas, sustentando o dinamismo que faltava às narrativas anteriores. Apesar da tão esperada nudez das moças do filme não ser tão generosa, ela não decepciona quando é mostrada. Aparentemente, o diretor John Hough decidiu ousar no maior número de tomadas com violência e gore, principalmente na emocionante seqüência do clímax.

Com uma boa trilha sonora e excelente uso dos recursos técnicos existentes na época (fotografia e efeitos), esta é uma obra essencial dentro da filmografia dos estúdios Hammer. Decepcionante é a edição em DVD do filme, mais um daqueles lançamentos apressados que vêem completamente desprovidos de extras.

Texto postado por Kollision em 15/Janeiro/2006