Baseado em personagens criados pelo escritor Sheridan Le Fanu e levados às telas em Carmilla - A Vampira de Karnstein (realizado no ano anterior por Roy Ward Baker), Luxúria de Vampiros não acrescenta absolutamente nada à transposição original, e só piora o que já não era lá grande coisa. De acordo com o imdb.com, Ingrid Pitt se recusou a repetir o papel principal por não ter gostado do script. Bem, não há como discordar da atriz, essa é a verdade.
Fica difícil situar esta nova história temporalmente em relação à anterior, mas ficamos sabendo em determinado ponto que a nova vampira de Karnstein (a dinamarquesa Yutte Stensgaard) é ressuscitada 120 anos após a sua morte, fato que coloca os eventos do filme no ano de 1830. O misterioso homem da capa preta (Mike Raven) reaparece do nada e ruma para o castelo da família, onde a agora nomeada Mircalla Karnstein é revivida com o sangue de uma camponesa virgem. Ela é deixada para estudar (e se alimentar, claro) num internato para moças próximo ao local de seu renascimento. Imediatamente após chegar à escola, o escritor/professor Richard Lestrange (Michael Johnson) se apaixona por Mircalla e faz de tudo para conquistá-la, enquanto outro professor meio amalucado (Ralph Bates) corteja a imortalidade ao pesquisar a vida da família Karnstein.
Nem mesmo no quesito da ousadia lésbica essa seqüência consegue ser superior à primeira. Tímidas, as cenas são bastante simuladas e somente sugeridas, e a contagem de corpos ou caninos à mostra é pífia. Quando o diretor decide mostrar alguma coisa o filme já está perto do final, o que não ajuda em nada. Se havia qualquer concepção de suspense ou antecipação narrativa por trás disso, o resultado da produção é ainda mais equivocado do que eu estou imaginando. O conceito por trás da idéia de uma vampira corresponder ao amor de um humano é desenvolvido de maneira bastante deficiente, com um roteiro extremamente forçado que deixa a vampira de Karnstein vagando pelo filme perdida, sem objetivo definido. Sobra para o forasteiro feito por Michael Johnson a tarefa de assumir o principal papel dramático da história. Bem triste é a constatação da inexpressividade da Mircalla feita por Yutte Stensgaard. Completamente insípida, a moça é ofuscada sem dó nem piedade pela mais talentosa (e também mais bela, não há dúvida) Suzanna Leigh, que faz uma professora secretamente apaixonada pelo herói.
E não é preciso prestar muita atenção para perceber que Pippa Steel e Harvey Hall, coadjuvantes no primeiro filme, retornam em papéis diferentes para preencher buracos no elenco. O descaramento é tanto que Steel basicamente reprisa a mesma personagem de antes! Apesar de toda a podridão degenerativa orquestrada pelo diretor Jimmy Sangster, há um detalhe no mínimo inusitado nas poucas cenas em que os vampiros mostram seus caninos pontiagudos. Ao invés do aspecto tão disseminado pelos demais filmes do gênero, as presas lembram muito mais as características de répteis do que de morcegos propriamente ditos.
O terceiro e último filme da trilogia Karnstein é As Filhas de Drácula.
Os extras do DVD consistem em biografias curtas de Yutte Stensgaard, Ralph Bates e Jimmy Sangster, trailer de cinema, dois spots de rádio e uma pequena galeria de fotos animada.
Texto postado por Kollision em 11/Janeiro/2006