Bastante obscuro filme de mistério inglês, The Terror é baseado numa peça de Edgar Wallace, o mesmo autor que ajudou a levar às telas de cinema o clássico King Kong. A adaptação cinematográfica do conto que envolve bandidos e uma casa mal-assombrada não foge muito à média tão disseminada nos anos 30 e 40, mas traz alguns desempenhos memoráveis de seu elenco. O estilo é o famoso 'whodunnit', ou seja, o filme que apresenta à platéia o desafio de encontrar o malfeitor no meio dos personagens durante o desenrolar da história, culminando, claro, num final revelador.
Quando três assaltantes se unem para perpetrar um ousado roubo de moedas de ouro no valor de 300.000 libras, tudo vai bem até que um deles resolve delatar os outros dois para a polícia. Assim, 'Soapy' Marx (Alastair Sim) e Joe (Henry Oscar) passam 10 anos na cadeia sem nem saberem como é o rosto do traidor, já que todos eles usaram máscaras durante o assalto. O pior é nem a polícia parece acreditar que existia um terceiro comparsa. Jurando vingança, os dois saem da prisão e rastreiam o paradeiro do algoz até uma pensão que, no passado, servia de monastério. Ao mesmo tempo, a rotina dos pensionistas é rapidamente alterada com as cada vez constantes aparições e alguns sinistros ruídos fantasmagóricos. No lugar está um comerciante aposentado (Wilfrid Lawson) e uma senhora que clama ser vidente (Iris Hoey), mas logo aparecem também a filha (Linden Travers) do dono do lugar e um bêbado inconseqüente e misterioso (Bernard Lee).
Todo o conceito da história é deveras estranho, pois ela começa como uma trama policial, envereda a seguir pelo suspense, flerta com o horror e chega até mesmo a lembrar um pouco de O Fantasma da Ópera, sempre com um toque humorístico que, incrivelmente, é o elemento que mais funciona ao longo de todo o filme. A execução é marcada por inconsistêcias narrativas e tem problemas visíveis com alguns movimentos de câmera, sendo pouco inspirada em certas passagens devido ao aspecto mecânico-teatral de alguns diálogos e situações. No entanto, o maior problema do roteiro é o método usado pela dupla aprisionada para chegar até o paradeiro do 'terror' que os traiu no passado. Parece até que os bandidos são dotados de um super sexto sentido.
O diferencial que chama a atenção nesta produção é mesmo a magnética presença cênica de alguns membros do elenco. O mais notável deles é Alastair Sim como o bandidão careca e de fala mansa. Há ainda Bernard Lee (futuramente conhecido pelos filmes de James Bond) e sua agradável personificação de um bêbado que é muito mais do que aparenta ser. Wilfrid Lawson cresce e também brilha com o desenrolar da história. Não há exatamente um protagonista único, sendo que todos têm sua cota na tarefa de dissuadir o espectador em sua busca pelo misterioso monge encapuzado que aterroriza a pensão.
A qualidade inferior da imagem e do som do DVD não pode ser lá muito criticada, dada a idade da película e a dificuldade em se ter acesso a obras desse tipo em meio digital. Como esperado, também não há nenhum extra acompanhando o disco além de inúmeres pôsteres de filmes antigos lançados pela mesma distribuidora.
Texto postado por Kollision em 5/Novembro/2005