Visto no cinema em 13-MAR-2010, Sábado, sala 5 do Multiplex Pantanal
Assistir a um novo filme de Martin Scorsese é um evento. Geralmente, a ambição que emana de seus filmes é maior quando ele retrata os gêneros que mais associados ao seu trabalho, como nos longas sobre máfia urbana ou de contexto histórico. Por isso é tão fácil subestimar Ilha do Medo, ou mesmo considerá-lo um trabalho menor em sua filmografia, principalmente quando se põe na mesa o atraso pelo qual passou o filme até que ele fosse lançado nos cinemas. Na década de 50, Leonardo DiCaprio é um detetive do governo responsável por investigar o estranho desaparecimento de uma interna numa prisão de segurança máxima para infratores de alta periculosidade. Juntamente com o parceiro (Mark Ruffalo), ele envereda por uma espiral psicológica enquanto tenta romper os empecilhos colocados pelo diretor da prisão (Ben Kingsley) e por aparentemente todos que lá trabalham, ao mesmo tempo em que se esforça para descobrir algo de cunho mais pessoal. O processo que o roteiro emprega para subverter a situação do protagonista soa mais ou menos como descascar uma cebola. O ardor nos olhos pode ser comparado à desorientação que tanto personagem quanto plateia passam durante o processo. Ilha do Medo é marcado por trechos de forte impacto cênico, especialmente nas sequências de flashback ou sonho, e não dá nenhuma resposta fácil aos questionamentos feitos na história. O elenco é de encher os olhos, e a experiência é um dos thrillers psicológicos mais interessantes dos últimos anos. Agora só falta Scorsese dirigir um terror de verdade para que sua carreira fique completa.