Visto no cinema em 28-SET-2007, Sexta-feira, sala Playarte 4 do Shopping Paulista em São Paulo
Além da óbvia crítica política e social que impregna esta ótima comédia, o que a faz mais atraente é a presença de uma identidade própria bastante característica, o que parece ser uma constante na filmografia de Jorge Furtado. Genuinamente engraçada, a história consegue conciliar as limitações culturais de seus personagens com situações hilárias associadas ao processo de se produzir um filme. O casal feito por Fernanda Torres e Wagner Moura se vê obrigado a utilizar uma verba flutuante da prefeitura para fazerem o filme e daí concorrerem a um prêmio em dinheiro, que será usado para financiar a construção de uma fossa na cidadezinha em que vivem. O projeto é essencial para eliminar o mau cheiro do esgoto.
A contagem das migalhas e o jogo financeiro existente entre o filme e a construção da fossa é meio nebulosa – provavelmente com o objetivo de refletir o que ocorre na esmagadora maioria das instituições de administração pública do Brasil. Todos os amigos e parentes do duo central são envolvidos no processo de execução do filme, mesmo com as várias adversidades e o desconhecimento generalizado de todos. É interessante notar o desenvolvimento destrambelhado dos realizadores do "épico de ficção", que saem da rotina para embarcar numa jornada que tem tudo para dar com os burros n'água. Furtado extrai boas interpretações de seu elenco, em especial dos veteranos Paulo José e Tonico Pereira.