Visto via Netflix em 25-JAN-2015, Domingo
Revólver é uma anomalia em vários sentidos, e não é só na estrutura adotada pelo roteiro difícil de ser compreendido. É uma anomalia, por exemplo, em ambas as filmografias de Guy Ritchie e Jason Statham. Ritchie, mais dado a longas estilosos de desenvolvimento linear, e Statham mais orientado a trabalhos de ação sem muito cérebro envolvido. Mais interessantes, no nosso caso, são as anomalias inseridas aos poucos na história do ex-detento (Statham) que é libertado da prisão após sete anos e reconstrói sua vida antes de tentar dar o troco no salafrário responsável por mandá-lo para a cadeia (Ray Liotta). Entrar em seu cassino para quebrar a banca é somente o início de uma jornada maluca que envolve a entrada de mais alguns jogadores nessa contenda, principalmente quando o ex-detento descobre que está com uma doença incurável e tem poucos dias de vida. Enquanto assistia ao filme eu não pude deixar de notar que muito do que acontece é influenciado pela escola lynchiana de se fazer surrealismo ao estilo mindfuck (ou "estupro da mente"), onde nada é o que parece ser e tudo o que vemos possui um significado mais profundo. No caso de Revólver, a cebola tem uma camada externa bem fácil de ser interpretada (inclusive pode ser decifrada na metade do filme) e uma camada interna que, essa sim, exige muito do espectador em matéria de abstração de natureza psicológica. O resultado não é tão redondo quando o idealizado por Ritchie, mas definitivamente vale uma conferida.