Em tempos de ascensão e estabelecimento do estilo yuppie de ser, o comediante Ben Stiller arriscou-se na direção de um longa-metragem e concebeu o romance yuppie fora do convencional Caindo na Real, reunindo uma atriz jovem consagrada a um elenco de talento mas ainda não completamente notado pelo grande público. Como experiência de primeira viagem atrás das câmeras, Stiller até que não faz feio, embora o filme se mostre irregular durante boa parte de sua projeção.
Winona Ryder é Lelaina, uma recém-graduada da faculdade de jornalismo, que trabalha numa emissora de TV como assistente de produção de um velho rabugento num programa ainda mais rabugento. Ela divide o apartamento com a libertina Vickie (Janeane Garofalo), e logo a morada das duas recebe a adição do músico Troy (Ethan Hawke), desocupado que acabou de perder o emprego de novo e precisa de um lugar para ficar por uns tempos. Rondando o lugar também está o tímido Sammy (Steve Zahn). Sempre juntos, os quatro vivem a típica rotina pós-universitária de muitos jovens americanos. A situação se altera quando Lelaina perde o emprego mas conhece Michael (Ben Stiller), produtor de TV que por ela se interessa e lhe oferece uma chance de exibir seu documentário num programa de TV. Os dois logo se envolvem, assim como também evolui a relação entre Troy e Lelaina, configurando um triângulo amoroso onde Michael e Troy são lados opostos da mesma moeda.
Caindo na Real começa como todas as outras historietas adolescentes pseudo-90210 que infestaram e continuam a infestar a cinematografia americana de tempos em tempos. O que pesa e mantém o filme insípido até mais de sua metade é a franca falta de entrosamento entre os personagens apresentados. Janeane Garofalo e Steve Zahn são completamente desperdiçados em cenas bobas e esquecíveis, enquanto a química entre Winona Ryder e Ethan Hawke não encaixa de jeito nenhum. Mas daí talvez já tenha sido intenção do diretor Stiller, que só permite um pouco de emoção quando seu personagem entra em cena e começa a criar os conflitos que tornam a meia hora final do filme interessante e prazerosa de se ver.
Há algumas cenas relâmpago com os vocalistas do Soul Asylum (David Pirner) e Lemonheads (Evan Dando), além da hoje oscarizada Renée Zellweger. Coisa de Stiller, que como o chapa Adam Sandler parece gostar de colocar participações especiais de colegas em seus filmes. Brincadeiras à parte, provavelmente a melhor coisa de Caindo na Real talvez seja a sua trilha sonora, que acerta em todos os tons com a presença de gente como U2, Peter Frampton, Big Mountain, Lisa Loeb & Nine Stories e The Knack com a canção My Sharona.
Infelizmente, o único extra do DVD da Universal é o trailer de cinema.
Texto postado por Kollision em 8/Novembro/2004