Vira e mexe aparecem alguns filmes feitos especialmente para relembrar as pessoas que o amor existe, e que é possível encontrá-lo onde menos se espera. Na próxima esquina, na próxima festa, no próximo passeio, na próxima conversa informal, ou mesmo navegando pela internet. Diário de uma Paixão chega para engrossar a extensa galeria de romances cinematográficos, com um elenco formado por jovens e veteranos a serviço de mais uma história sobre o, digamos assim, amor verdadeiro.
James Garner é um senhor bondoso e atencioso que, num asilo de repouso, senta-se ao lado de uma velhinha (Gena Rowlands) atacada por uma doença degenerativa que lhe suprimiu as memórias, e para ela lê a história contada pelo filme. O relato, contido num caderno que ele carrega consigo, discorre sobre o amor arrebatador entre dois jovens nos anos 40 e 50, ele pobre e ela rica, e como a relação dos dois é afetada pelo destino. As cenas dessa história são intercaladas por imagens dos dois velhinhos no asilo, cujas identidades são logo percebidas à medida que a narrativa ganha consistência.
Diário de uma Paixão é puro romance, com todos os ingredientes e clichês já vistos em muitas produções do gênero, aqui valorizados pelo elenco deveras carismático. Realizado com competência, o filme sem dúvida tem seu charme particular. Assim como outros romances de qualidade, como As Pontes de Madison ou Eternamente Jovem, a película é bem-sucedida em enfatizar uma ligação entre os protagonistas que transcende o tempo e as convenções, sem no entanto apelar para o melodrama exacerbado. O diretor acerta a mão na carga dramática na maior parte das vezes, tentando dosar o sentimentalismo conforme necessário. Rachel McAdams é linda, Ryan Gosling parece uma versão adulta de Haley Joel Osment em algumas cenas, e certas passagens do filme são tão belas que dão genuína vontade de algum dia construir uma casa no campo, à beira de um lago, só para curtir o pôr-do-sol e viver cercado pela natureza.
Com uma característica estimulante e estranhamente enaltecedora, este filme vale a pena ser visto. Bonitinho como seu elenco, é uma boa pedida para tentar acender e manter viva a chama da verdadeira paixão dentro dos corações da platéia.
Texto postado por Kollision em 10/Agosto/2004