Cinema

My Fair Lady

My Fair Lady
Título original: My Fair Lady
Ano: 1964
País: Estados Unidos
Duração: 172 min.
Gênero: Musical | Comédia/Romance
Diretor: George Cukor (David Copperfield, Núpcias de Escândalo, Nasce uma Estrela [1954])
Trilha Sonora: Frederick Loewe
Elenco: Audrey Hepburn, Rex Harrison, Stanley Holloway, Wilfrid Hyde-White, Gladys Cooper, Jeremy Brett, Theodore Bikel, Mona Washbourne, Isobel Elsom
Distribuidora do DVD: Warner
Avaliação: 9

Transposição magnífica da peça teatral de mesmo nome, My Fair Lady figura com facilidade em qualquer lista dos melhores musicais de todos os tempos. Êxito vencedor de 8 Oscars, inclusive o de melhor filme, a obra de George Cukor traz performances esplêndidas do elenco impecável, quase todo ele importado diretamente dos palcos do teatro. De todos os papéis principais, somente a estrela Audrey Hepburn não reprisava o papel da peça, que pertencera anteriormente a Julie Andrews.

Comédia com um romantismo à moda antiga, o filme conta a história da plebéia Eliza Doolittle (Audrey Hepburn), moça pobre e desbocada que ganha a vida vendendo flores nas ruas de Londres. Escandalizado pelo modo de falar grosseiro da moça, o professor Henry Higgins (Rex Harrison) toma para si o desafio (e a aposta de um colega educador) de educá-la e ensinar-lhe bons modos a tempo para um baile de gala com a côrte inglesa, que deverá se realizar em breve. A missão pode acabar não sendo lá muito fácil, como comprovam as interferências do pai vagabundo da moça (Stanley Holloway) e de um admirador que ela ganha logo em sua primeira exibição à aristocracia inglesa (Jeremy Brett). Sem contar que na tempestuosa relação entre professor e aluna surgem sentimentos com os quais nenhum dos dois é capaz de lidar com facilidade.

Filmado completamente dentro dos estúdios da Warner em película de 70mm, a produção que deu a George Cukor seu único Oscar como diretor exala charme do início ao fim, combinando ótimas interpretações, belas canções e uma generosa dose de comédia. Como clássico musical, tem sua cota de seqüências antológicas e cenas inesquecíveis. Todo o romance criado dentro da história é conduzido de forma leve e sutil, até porque um relacionamento entre a moça pobre e o culto professor é durante a maior parte do tempo algo altamente improvável de acontecer. O máximo em matéria de sutileza aparece no desfecho da trama, que encerra esplendidamente o filme. Já a sua longa duração, que chega perto das três horas, só é percebida quando o roteiro passa por seu primeiro clímax (a prova de fogo de Eliza) e o ritmo cai um pouco.

Soa bastante redundante dizer que um dos maiores méritos da produção é o elenco bem escolhido. A maior parte dos papéis principais, afinal, é personificada pelos mesmos atores que o fizeram na peça de teatro. É difícil saber se o resultado teria sido diferente se Julie Andrews, preterida por Audrey Hepburn no papel da 'bela dama', tivesse também reprisado seu papel. Hepburn está radiante como Eliza Doolittle, embora a maior parte de suas canções tenha sido dublada por uma cantora profissional, algo que na época chegou a causar um pouco de controvérsia entre o meio artístico, inclusive pela não indicação da moça ao Oscar de melhor atriz. Seu colega Rex Harrison levou para casa a estatueta de melhor ator por seu trabalho contagiante na pele do professor linha-dura mas secretamente apaixonado. Entre os coadjuvantes o destaque vai merecidamente para o veterano Stanley Holloway como o sr. Doolittle. Dificilmente alguém sairá de uma sessão de My Fair Lady sem ao menos levar consigo um pouquinho da melodia ou das letras do seu 'with a little bit of luck... wiiith a little bit of luck...'.

O segundo disco da caprichada edição dupla do DVD da Warner vem com um making-of de uma hora apresentado por Jeremy Brett, que mostra com riqueza de detalhes como foi o processo de restauração do filme. Há ainda um especial de pouco mais de 20 min. com a cerimônia de lançamento da produção e entrevistas dos astros e do bem-humorado produtor Jack Warner, outro making-of da época com 10 minutos de duração, áudio do diretor George Cukor em ação, o áudio original com a voz de Audrey Hepburn para as canções Wouldn't It Be Loverly e Show Me, áudio de Rex Harrison apresentando o filme num programa de rádio, o discurso de agradecimento de Harrison no Golden Globe Awards, trecho da cerimônia de premiação do Oscar, cenas da premiére do filme em Los Angeles, comentários rápidos de Martin Scorsese e Andrew Lloyd Weber e dois trailers (o original e o trailer feito para o relançamento do filme em sua versão restaurada).

Texto postado por Kollision em 8/Setembro/2005