O tema da múmia assassina já estava um pouco batido lá pelos idos de 1967, mesmo para os padrões da produtora inglesa Hammer. Christopher Lee já havia envergado as ataduras da criatura alguns anos antes, e aventurar-se por uma área aparentemente esgotada não era uma aposta das mais saudáveis para o diretor John Gilling.
Desta vez tudo começa no antigo Egito, quando o príncipe Kah-to-Bey é obrigado a abandonar seu reino acompanhado de um grupo de fiéis escravos. Nos dias de hoje, a sua múmia e a de seu escravo-chefe são descobertas por uma equipe de exploradores liderada pelo dr. Basil Walden (André Morell). A retirada das múmias do lugar sagrado atrai a ira do guardião da tumba (Roger Delgado), mas não é empecilho algum para a ganância do chefe financeiro da expedição (John Phillips), que toma para a si todo o mérito da descoberta. Infelizmente, os membros da expedição começam a morrer um a um em circunstâncias misteriosas, como ditam as várias maldições existentes acerca dos violadores das tumbas dos faraós. O epicentro da trama é o manto que recobre o corpo do jovem nobre egípcio, contendo palavras que, quando entoadas, evocam o espírito da múmia de seu escravo.
A Mortalha da Múmia, como muitos outros filmes da Hammer, é apresentado de forma bastante convencional, contando basicamente com o desempenho de seu elenco para se sobressair em meio à média do gênero. O ator mais proeminente é André Morell, que nem mesmo chega a ser o personagem principal da história, posto que é usurpado autoritariamente pela figura antipática concebida por John Phillips. A certa altura, boa parte da antecipação da platéia consiste em imaginar de que modo essa figura detestável virá a sucumbir nas mãos da múmia assassina.
O roteiro não se distancia da fórmula batida do 'monstro que revive e executa sua fúria assassina até o final conciliador'. Mas há algumas figuras dignas de uma conferida básica, como a enrugada e esquisita adivinha mãe do guardião da tumba (Catherine Lacey), ou a bela ajudante do dr. Walden (Maggie Kimberly), dotada de uma beleza característica e que deveria ter sido muito mais bem explorada nesse tipo de filme de horror. Além disso, a primeira cena de demonstração de vida da múmia, onde um funcionário do antiquário é surpreendido pela criatura durante seus afazeres rotineiros, é um primor cênico e cômico que traria resultados muito mais satisfatórios à história se tivesse se estendido a todo o resto do filme.
A área de extras do DVD contém biografias de André Morell e do diretor John Gilling, além do trailer original do filme e mais três trailers curtos reunindo A Mortalha da Múmia e Frankenstein Criou a Mulher.
Texto postado por Kollision em 5/Setembro/2005