The Mansion of Madness, conhecido também pelo antigo título da era do vídeo Dr. Tarr's Torture Dungeon e pelo nome mexicano La Mansión de la Locura, é o primeiro dos poucos filmes dirigidos por Juan López Moctezuma, uma de suas três incursões no universo do horror e também uma adaptação de um conto obscuro de Edgar Allan Poe (The System of Dr. Tarr and Professor Feather). Alguns atribuem a alcunha de viagem de ácido ao trabalho de Moctezuma, outros exaltam o aspecto bizarrro da produção, inserindo aí influências de Buñuel e da estética surrealista. Pode até ser, mas o resultado final fica devendo.
Retornando à França nos anos derradeiros do século XIX após crescer e se educar na América, o jornalista Gaston LeBlanc (Arthur Hansel) recebe a incumbência de fazer uma reportagem sobre a instituição psiquiátrica do nada ortodoxo dr. Maillard (Claudio Brook). Adepto da doutrina que prega o livre arbítrio de seus pacientes, Maillard conduz LeBlanc através de sua propriedade e lhe mostra de tudo um pouco em matéria de bizarrices, torturas e comportamentos anômalos. Horrorizado, LeBlanc acaba contando com a ajuda da bela sobrinha do alucinado Maillard (Ellen Sherman) para tentar minar seu domínio sobre a horda de malucos e escapar ileso da arapuca onde caiu, descobrindo um terrível segredo por trás do manicômio liberal encravado em meio à floresta francesa.
Há uma confusão danada cercando a produção e as diferentes versões deste filme. As fontes mais confiáveis afirmam que ele foi originalmente rodado em inglês e depois dublado para o espanhol para que pudesse ser lançado no mercado mexicano, nacionalidade que compõe a maior parte do elenco e da equipe técnica. Do jeito que está no DVD da Mondo Macabro, o corte disponível revela uma obra que promete quando se analisa o design de produção e a idéia básica da história. Quase como um Calígula dos tempos modernos, o dr. Maillard de Claudio Brook é exagerado e megalômano na medida certa, exatamente como o roteiro exige. Seu manicômio é um labirinto de onde surgem as mais distintas aberrações, e a concepção de alguns loucos chama a atenção (enquanto a de outros é simplesmente idiota).
O que falta ao todo é uma história e uma narrativa consistentes. A revelação que aparece lá pela metade do filme ajuda a manter as coisas em movimento mas, de resto, tudo é arrastado e penoso de se ver. "Penoso" é na realidade o adjetivo que mais se aplica ao filme, como também demonstram as passagens do galináceo humano que cacareja e come milho na mão do doutor e a incrivelmente estapafúrdia cena da dança das galinhas humanas. É a última fronteira a ser ultrapassada entre a ousadia de baixo orçamento e o ridículo total. Mas convenhamos... É preciso ser justo: se a mocinha e suas companheiras aparecessem com menos roupa, a coisa toda poderia até se tornar palatável. Mas o filme também é fraco nesse departamento, desapontando quem se depara com algumas propagandas enganosas relacionando-o ao estilo exploitation.
Apesar do resultado abaixo da média, nota-se um esmero meio que escondido na técnica do diretor, que viria a se desenvolver e ser usado com muito mais sabedoria em Alucarda (1978), a principal e provavelmente mais interessante obra da rala carreira de Juan López Moctezuma.
O DVD traz o áudio em inglês e espanhol, com opção de legendagem em inglês para este último idioma. Na seção de extras há um especial de 13 minutos sobre a carreira do diretor, uma entrevista de 7 minutos com o diretor mexicano Guillermo Del Toro falando sobre Moctezuma e Claudio Brook, biografia e entrevista em texto sobre Moctezuma, texto sobre o filme, uma galeria de fotos e o mini-compêndio com cenas de outros lançamentos da distribuidora Mondo Macabro.
Visto em DVD em 9-DEZ-2006, Sábado - Texto postado por Kollision em 14-DEZ-2006