Do mesmo diretor responsável pela surpresa que foi Miss Simpatia, a comédia Como Perder um Homem em 10 Dias é mais uma amostra da eterna guerra dos sexos, só que desta vez com um fator catalisador de risadas que destoa do fator comum na maioria das comédias românticas. Sua premissa é completamente fora dos eixos, daí o fato dele ter sido uma das maiores surpresas na bilheteria de 2003.
Para conseguir a chance de ter mais liberdade editorial na revista de moda em que trabalha, Andie (Kate Hudson) acaba encarando uma tarefa peculiar: escrever uma matéria sobre como destruir um namoro em até 10 dias, após fisgar um sortudo qualquer. Do outro lado, o publicitário Benjamin (Matthew McCounaghey), desesperado para conseguir a campanha de uma linha de diamantes, aceita o desafio de sua equipe de fazer uma mulher se apaixonar por ele até a data da festa de lançamento da campanha, que ocorrerá mais ou menos em 10 dias. Um doce para quem adivinhar quem serão as vítimas um do outro.
O ponto de partida para a história é extremamente forçado, e exclui qualquer espontaneidade do roteiro em seu início. Mas é impossível negar que, depois que a introdução é feita, o cenário está armado e os dois pombinhos se enroscam num terrível cabo de guerra amoroso, as risadas são inevitáveis. Algumas das atrocidades a que Andie submete o pobre Benny 'boo-boo-boo-boo' são hilárias, assim como o desespero do rapaz em manter uma relação que lhe garantirá uma posição mais confortável em sua companhia. É óbvio que em algum ponto do caminho as coisas vão se complicar para ambos, mas o percurso até lá é um deleite só. McConaughey e Hudson funcionam muito bem juntos, o que garante a graça do filme e faz a platéia relevar os vários pontos fora da curva no roteiro, que corria sério risco de acabar sendo insípido se a escolha dos atores tivesse sido equivocada.
É neste filme que é possível perceber que Kate Hudson parece ter herdado as caras e bocas de sua mãe, a também atriz Goldie Hawn. Aqui há uma ou duas ocasiões em que ela exagera e passa do ponto, mas seria interessante vê-la em mais comédias. Prolífico em vários gêneros de filme, Matthew McConaughey volta a demonstrar versatilidade como o pobre coitado que acredita estar sempre por cima. O interessante é que é possível, ao presenciar os estereótipos personificados por estes dois, tirar alguma lição sobre relacionamentos. Por mais absurdas que sejam as situações mostradas, elas ocorrem com mais freqüência do que imaginamos, e algumas mulheres (sim, mulheres em sua maioria) muitas vezes nem percebem o que está acontecendo.
A seção de extras contém várias entrevistas curtas com todos os membros do elenco e equipe técnica, completando uma espécie de making-of apresentado aos pedaços. Há ainda descrições de várias locações usadas no filme, além de 9 minutos de cenas excluídas.
Texto postado por Kollision em 3/Janeiro/2005 - Revisto em 20/Fevereiro/2006