Visto em DVD em 25-NOV-2010, Quinta-feira
Um aviso: a edição lançada pela Continental para 99 Mulheres é baseada na versão francesa do filme, que traz cenas pornográficas não filmadas por Jesus Franco e adicionadas por algum produtor inescrupuloso disposto a lucrar ainda mais com o longa en française. Estas inserções de mau gosto desfiguram o trabalho de tal forma que fica difícil avaliá-lo sob o ponto de vista ideal, isto é, como um drama prisional de nuances suavemente fetichistas.
O filme começa com a chegada de várias condenadas a um presídio feminino de segurança máxima. A misteriosa prisioneira número 99 (Maria Rohm) torna-se o pivô dos conflitos entre as detentas, que são administrados com mão de ferro pela diretora (Mercedes McCambridge) e pelo governador em exercício (Herbert Lom, o inspetor Dreyfus da série original da Pantera Cor-de-rosa). Cada vez mais insustentável, a situação das presas só tem chance de mudar com a chegada de uma diretora (Maria Schell) que tem ideias radicalmente diferentes da atual gestão. Talvez por ser um dos pilares e por isso mesmo um dos primeiros filmes do subgênero conhecido como WIP (Women in Prison), 99 Mulheres não é marcado pelos aspectos mais proeminentes de tais obras, como a violência, o sadomasoquismo e a nudez desenfreada (não estou levando em conta as inserções pornográficas). Pode-se dizer que o filme é quase sério em sua proposta (até porque o elenco conta com nomes de peso), sendo valorizado por uma boa fotografia, pelo bom trabalho de câmera e pelo elenco feminino de encher os olhos, cujo maior trunfo é no meu ponto de vista a esbelta Rosalba Neri (Lucifera). Dentro da filmografia de Franco, o longa pode ser visto como um embrião bem comportado de Sadomania (1981). Só faltou mesmo um desfecho mais conclusivo, mas seu status de clássico underground é inegável.
Os extras do disco se resumem a uma biografia curta de Jesus Franco e uma galeria animada de vários pôsteres de seus filmes.