Visto no cinema em 15-JUN-2008, Domingo, sala 5 do Multiplex Pantanal
É engraçado como todo mundo que diz gostar seriamente de cinema vive pedindo por filmes mais originais, diretores mais ousados, histórias menos formulaicas. Mais engraçado ainda é o fato de que um monte de gente, depois de assistir a Fim dos Tempos, decidiu de uma hora pra outra rotular M. Night Shyamalan de arrogante, teimoso, egomaníaco. O que esse pessoal quer, afinal? Se um cineasta filma um roteiro de outro bancado por um grande estúdio, é um vendido. Se ele decide escrever, produzir e filmar sua própria história, é um arrogante. Sinceramente, tem gente que não vai se satisfazer nunca.
Fim dos Tempos é um longa que foge corajosamente do convencional, em todos os sentidos, enquanto usa como ponto de partida um medo cada vez mais presente na sociedade humana. Repentinamente, pessoas começam a perder as faculdades mentais e se suicidar como podem no coração de Nova York. O que é inicialmente considerado um ataque químico terrorista logo se alastra para outras localidades, sem explicação alguma. A história acompanha a fuga da família e do amigo de um professor ginasial (Mark Wahlberg), que tenta desesperadamente compreender o porquê de tudo isso.
Guardando similaridades como outro trabalho do diretor (Sinais), este novo filme é mais bem-sucedido no estabelecimento do suspense, particularmente devido ao nível mais elevado de violência e sangue. Não que Shyamalan tenha se entregado à sangueira desatada, longe disso – o cara é muito refinado para abandonar o próprio estilo. A característica que aparece mais acentuada, contudo, é o senso de humor, que por vezes beira o inconveniente mas não soa implausível. E o final, já bastante comentado por ser polemicamente enigmático e anti-climático, é extremamente condizente com a história e com o que nós, como espécie dominante deste planeta definhante, merecemos.