Cinema

A Filha do General

A Filha do General
Título original: The General's Daughter
Ano: 1999
País: Alemanha, Estados Unidos
Duração: 116 min.
Gênero: Suspense
Diretor: Simon West (Lara Croft - Tomb Raider, Quando um Estranho Chama, Assassino a Preço Fixo)
Trilha Sonora: Carter Burwell (Quero Ser John Malkovich, Três Reis, Bruxa de Blair 2 - O Livro das Sombras)
Elenco: John Travolta, Madeleine Stowe, James Cromwell, Timothy Hutton, Clarence Williams III, James Woods, Leslie Stefanson, Daniel von Bargen, Peter Weireter, Mark Boone Junior, John Beasley, Boyd Kestner, Brad Beyer, John Benjamin Hickey, Rick Dial, Ariyan A. Johnson, John Frankenheimer, Katrina van den Heuvel, Chris Snyder
Distribuidora do DVD: Paramount Pictures
Avaliação: 7

Simon West é um diretor que, em seu início de carreira no cinema, cometeu um trio de filmes de qualidade descendente. O primeiro deles foi Con Air - A Rota da Fuga (1997), uma grata surpresa no gênero de ação que aproveitara muito bem a persona de Nicolas Cage. O filme responsável por engavetar seu currículo durante algum tempo foi Tomb Raider (2000), um equívoco que não foi capaz de se sustentar somente com a bela silhueta de Angelina Jolie. E entre estes dois trabalhos está o razoável thriller militar A Filha do General, estrelando John Travolta em boa forma, em papel que fôra inicialmente destinado a Michael Douglas e Bruce Willis.

Travolta é Paul Brenner, um policial militar do Departamento de Investigação Criminal do Exército, que é subitamente chamado para resolver o mistério do aparente estupro e assassinato da filha oficial de um general da alta patente americana (James Cromwell), cometido dentro da divisão comandada pelo próprio general. Auxiliado por uma psicóloga do exército (Madeleine Stowe) e dotado de poderes para interrogar e prender qualquer oficial suspeito do crime, Brenner recebe 36 horas para tentar resolver o caso antes que o FBI caia matando dentro das paredes da fortaleza militar. Juntos, eles se deparam com uma rede de intrigas, violência e negligência militar que parece não excluir ninguém dentro do círculo de pessoas mais próximas da vítima.

A Filha do General é baseado num livro do autor Nelson DeMille, e há algumas boas razões para o filme sair um pouco do clichê ultra-batido envolvendo a fórmula de se mostrar um assassinato logo no início e desenvolver uma solução para ele ao longo do resto da película. Uma delas é a ambientação diferenciada da investigação, conduzida toda dentro das paredes de âmbito militar. O roteiro é habilidoso em transpor para a tela o clima interno de uma divisão do exército em polvorosa com a condução da delicada investigação. O conflito entre o código de honra militar e os deveres como policial vêem a calhar ao personagem de Travolta, que facilmente ganha a confiança do espectador à medida que a sujeira começa a ser aspirada sob debaixo do tapete. O filme também é marcado por ótimos diálogos. Um exemplo vívido é o primeiro interrogatório que Brenner conduz com o superior imediato da filha do general, um James Woods cujo aspecto, aqui, lembra muito o do apresentador da TV brasileira Clodovil. Outro exemplo é a deliciosa conversa no bar entre Brenner e a psicóloga que representa um papel na realidade bem mais ativo em sua vida pessoal. Isso ajuda a entender a presença inicial meio injustificada de Madeleine Stowe, que mostra a que veio quando a trama se complica e o policial se vê forçado a tomar medidas mais enérgicas em sua investigação. Sem contar que Stowe é sempre um colírio para os olhos em qualquer filme do qual faça parte.

Quaisquer eventuais excessos ou falhas da história, como a natureza cada vez mais complicada e multi-facetada da vítima do crime e a explicação final para a tragédia em si, acabam sendo compensadas por uma conclusão amarga, que dá uma alfinetada nada sutil na instituição militar americana.

O DVD contém como extras um making-of de 20 minutos, dois trailers e 10 min. de cenas cortadas, incluindo um final alternativo para o desenlace do relacionamento entre os personagens de John Travolta e Madeleine Stowe.

Texto postado por Kollision em 21/Março/2005