Somando-se ao fato de representar a destruição completa de uma franquia de horror que tinha tudo para ser amada tanto por crítica quanto por público, O Exorcista II consegue o feito de ser, provavelmente, o pior longa-metragem de terror já produzido por um grande estúdio em toda a história do cinema. Fontes afirmam, ainda, que este foi o filme mais caro bancado pela Warner até então. Em circunstâncias ideais, a situação poderia ter evoluído para uma cassação dos direitos do roteirista e do diretor de continuarem exercendo seus ofícios legitimamente, tamanho é o nível de inaptidão que ambos foram capazes de demonstrar aqui. O que é um espanto em se tratando de John Boorman, que possui bons filmes em seu currículo.
Continuando a história da agora adolescente Regan (Linda Blair) alguns anos depois dos eventos mostrados no clássico O Exorcista, o filme se sustenta na investigação da igreja acerca da morte do padre Merrin (Max von Sydow), conduzida com diligência quase cega por um de seus discípulos, o padre Philip Lamont (Richard Burton). Para chegar até Regan, que agora vive sozinha sob a guarda da ex-assistente (Kitty Winn) da mãe, Lamont estabelece contato com a psicóloga da garota (Louise Fletcher), que desenvolveu um aparelho revolucionário capaz de assessar e conectar as memórias de diferentes pessoas. Inicialmente incrédulo, Lamont fica sabendo que o demônio Pazuzu, o responsável pela possessão de Regan e pela morte do padre Merrin, tem um desígnio específico em nossa realidade, e parte para a África para encontrar Kokumo (James Earl Jones), a única pessoa que pode ajudá-lo a compreender a natureza do espírito maligno.
Acreditem, o filme é muito – mas muito pior do que esta breve sinopse é capaz de sinalizar. Está tudo errado, do roteiro retardado à ambientação canhestra estabelecida pelo diretor, dos desempenhos inanimados do elenco ao suspense inexistente. A premissa para o retorno da entidade demoníaca é uma piada, sem mencionar as idas e vindas de uma história completamente sem pé nem cabeça. Não consigo divisar o que se passava na cachola de executivos e equipe técnica ao levar adiante um projeto tão hediondo de ruim, que faz um bocado de gente talentosa pagar mico e insulta a inteligência do espectador com baboseiras da estirpe do "aparelho sincronizador", a mais sensacional descoberta da ciência psiquiátrica de sua época. O que é mais absurdo é que o filme tem a pachorra de querer se levar a sério!
Falhando miseravelmente em estabelecer qualquer indício de suspensão de descrença, e ainda por cima contando com efeitos especiais decepcionantes e muito poucos momentos de gore, O Exorcista II é um grande festival de merda que culmina num desfecho ainda mais indecente que todo o seu desenvolvimento. Devido ao elevado nível de mediocridade do todo, coisas teoricamente decentes como a trilha sonora de Ennio Morricone acabam tragadas pela ruindade do filme. A musa Linda Blair, recém-saída da puberdade, está com um corpaço pra lá de apetitoso, do jeito que o diabo gosta. Os esforços dramáticos da atriz, no entanto, vão pelo ralo, já que nem o demônio parece ter tido interesse em possuí-la direito desta vez.
Os extras do DVD da Warner se resumem a dois trailers e a uma seqüência de abertura alternativa para o filme.
Revisto em DVD em 3-FEV-2007, Sábado - Texto postado por Kollision em 7-FEV-2007