Cinema

O Assassino da Furadeira

O Assassino da Furadeira
Título original: The Driller Killer
Ano: 1979
País: Estados Unidos
Duração: 96 min.
Gênero: Terror
Diretor: Abel Ferrara
Trilha Sonora: Joe Delia
Elenco: Abel Ferrara, Carolyn Marz, Baybi Day, Harry Schultz, Alan Wynroth, Richard Howorth, Maria Helhoski, James O'Hara, Louis Mascolo, Tommy Santora, Rita Gooding
Distribuidora do DVD: Cult Epics
Avaliação: 2

O destino de certas produções é mesmo apodrecer no limbo, apesar do que pregam alguns fanáticos extremistas que escolhem filmes para idolatrar e filmes para odiar. A propaganda de divulgação desta podridão chega ao cúmulo de compará-la a filmes importantíssimos como O Massacre da Serra Elétrica (Tobe Hooper, 1974) e Taxi Driver (Martin Scorsese, 1976), prometendo uma obra de cunho artístico injustamente relegada ao esquecimento durante anos. A verdade é que o esquecimento é a sua mais adequada recompensa, dado o nível de imbecilidade incluso na história do maníaco munido de uma furadeira.

O pintor Reno (o próprio diretor Abel Ferrara, atuando sob o pseudônimo de 'Jimmy Laine') vive às turras com a namorada (Carolyn Marz) e a amiga (Baybi Day) com as quais divide um apartamento. Pressionado pelo síndico quanto ao aluguel e pelo seu agente (Harry Schultz) quanto à sua mais nova obra-prima, Reno sente ainda mais a pressão quando uma turma de músicos horríveis muda-se para o apartamento de cima, atormentando-lhe a alma artística e comprometendo seu desempenho diante da tela. Sucumbindo às alucinações e à sua latente esquizofrenia, algum parafuso na cabeça do cara se solta e ele começa a matar friamente os mendigos de seu bairro armado com uma furadeira elétrica (a bateria) comprada na loja da esquina.

Com um início que parece saído da cabeça de Dario Argento, O Assassino da Furadeira logo entra numa espiral de ruindade que nem ao menos chega a esclarecer a tal cena inicial na igreja. Parece que algo ficou faltando, mas isso pouco importa quando os rompantes assassinos do pintor começam, e ele passa a cometer seus crimes como uma criança que apronta uma arte, um cleptomaníaco temeroso que seja apanhado, ou alguém tirando caca do nariz e ao mesmo tempo olhando para os lados para que não seja percebido fazendo a merda. Engraçado que as motivações para o colapso que dá origem ao serial killer estejam todas lá, mas a execução da parte sangrenta seja tão canhestra e vazia de propósito ou significado.

Como explicar o fato de Reno não fazer nada à trupe insuportável do bando de músicos que não sabem cantar, e a cada cinco minutos torturam a audiência com mais uma pérola de seu limitado repertório? Medo, muito medo... E frustração, pois a broca na cabeça do cantor teria aumentado a nota do filme em pelo menos três pontos. O excesso (barato) de catchup (barato) é um primor de coisa mal-feita, jogando o filme ainda mais para baixo, e deixando muito pouco para ser aproveitado até pelo mais fanático fã do terror de baixo orçamento. Há algumas cenas de nudez e lesbianismo, e algumas ameaças isoladas de tomadas bem elaboradas que se perdem devido à idiotice do todo. Embora carente de qualquer lógica narrativa, a única coisa feita com um pouco de razoável estilo é o final, que entrega uma sutileza que soa como um assombro no meio de tanta coisa inútil capturada em celulóide.

De extras o DVD da Cult Epics só traz o trailer, as filmagens da propaganda do cinto de utilidades que serve de inspiração para o assassino da furadeira e a filmografia de Abel Ferrara.

Texto postado por Kollision em 22/Novembro/2005