Revisto em DVD em 2-NOV-2009, Segunda-feira
Quando a estrutura de um filme é montada de acordo com a perspectiva de um único personagem, o nível de envolvimento da plateia tende a ser maior. Talvez seja por isto, e pelo enfoque fantástico, que este trabalho funcione tão bem. Colocar-se ou identificar-se na pele de outra pessoa (ou personagem) é algo singular no caso de Banjamin Button, um homem que envelhece ao contrário. Imagine ter os desejos de um garoto no corpo de um velho que mal pode andar. Ou as amarguras e decepções de toda uma vida num corpo adolescente de 15 anos. OK, na vida real é até possível encontrar casos isolados de idades mentais alteradas, mas nada como o que aparece aqui.
Você sabe que está diante de um grande filme quando ele tem a capacidade inata de nos fazer olhar o mundo de uma forma ligeiramente diferente. Eis aí um belo (ainda que melancólico), conciso (ainda que longo) e admirável longa-metragem.
O DVD duplo vem com uma faixa de comentários de David Fincher acompanhando o filme no primeiro disco. O segundo disco traz um extenso making-of de quase três horas de duração, dois trailers e quatro galerias de fotos/desenhos.
Visto no cinema em 25-JAN-2009, Domingo, sala 8 do Multiplex Pantanal
É preciso saber muito pouco para se apreciar esta obra-prima de David Fincher. No início, Benjamin Button (Brad Pitt) é um bebê deformado, um ser humano que já nasce velho, como se tivesse 80 anos, e com o passar dos anos rejuvenesce ao invés de envelhecer. Ele faz o caminho inverso de todos os seus iguais, vendo aqueles que conhece definharem e morrerem. A mágica é mantida durante todo o tempo, do início dos anos 20 até dias muito recentes, que viram o furacão Katrina devastar Nova Orleans. O filme é, sim, uma fábula, um conto de fadas que se entrelaça com a realidade com grande eficiência porém em nenhum momento entra em tecnicalidades sobre o fenômeno que acomete seu protagonista (não há um médico sequer que ouse investigar o porquê do caso). Todos ao redor de Benjamin encaram sua condição com uma naturalidade que desconcerta, enquanto ele segue um rumo determinado quase que exclusivamente pelo desejo de viver e pela paixão incondicional que nutre por Daisy (Cate Blanchett), numa encruzilhada emocional como há muito tempo não se via. O Curioso Caso de Benjamin Button é um primor de sutis efeitos especiais, mas o mais importante é notar como a realização técnica fica completamente submissa diante de uma história fantástica, cativante, dotada de um ponto de vista nada menos que surpreendente para o sentido da vida.