Cinema

O Pacto

O Pacto
Título original: The Covenant
Ano: 2006
País: Estados Unidos
Duração: 97 min.
Gênero: Terror
Diretor: Renny Harlin (Férias para a Morte, A Hora do Pesadelo 4 - O Mestre dos Sonhos)
Trilha Sonora: Tomandandy (P2 - Sem Saída, Ecos do Mal, Os Estranhos)
Elenco: Steven Strait, Sebastian Stan, Laura Ramsey, Taylor Kitsch, Chace Crawford, Toby Hemingway, Frank Fontaine, Jessica Lucas, Kyle Schmid, Wendy Crewson, Stephen McHattie, Kenneth Welsh, Christian Baril, Basia Jasinski
Avaliação: 6

Ressurgindo das cinzas após um período sumido, o ex-promessa Renny Harlin comanda em O Pacto uma fantasia juvenil moderna que, ao despontar como parte de um projeto paralelo que une cinema e HQs, bebe de muitas fontes distintas: de Os Garotos Perdidos ao game Street Fighter ou ao desenho Dragon Ball Z, passando pela estética de X-Men e Anjos da Noite e pela dinâmica de Highlander - O Guerreiro Imortal. Co-produzido por Marc Silvestri, o cabeça da editora americana Top Cow, o longa tem a cara-de-pau de mudar do tom sobrenatural com o qual inicia para um confronto com muita ação e efeitos especiais em seu trecho final, carregado de adrenalina e de um desejo irrefreável de soar "cool".

Quatro adolescentes que residem numa cidadezinha de Massachussetts se divertem como jovens normais, com um diferencial: todos são descendentes de linhagens de bruxos radicados no local, e detêm fantásticos poderes mentais e telecinéticos. Eles mantêm um pacto de uso discreto de seus dons, pois eles podem causar dependência se usados em demasia. Caleb (Steven Strait), o mais velho da turma, que está prestes a fazer 18 anos e experienciar a chamada "ascensão" – fenômeno de passagem onde seus poderes se expandem – torna-se o alvo principal de um enigmático novato que aparece no pedaço (Sebastian Stan), pois ele esconde um segredo que irá desestruturar completamente as vidas dos filhos de Ipswitch, como o grupo de Caleb é conhecido na região.

A idéia quase parece algo saído da cabeça de Stephen King... Bruxaria, assombrações, poderes mentais, vingança, tudo ambientado na bela região do nordeste dos Estados Unidos e coberto por uma redoma moderninha embalada por rock pesado e editada como um grande videoclipe. De forma alguma tal conceito de estilo obrigatoriamente rende um filme ruim, categoria da qual O Pacto escapa por um cabelo de sapo. O longa está numa zona morta, um pouquinho acima da média, mas poderia ser bem melhor se o roteiro tivesse recebido um tratamento mais decente.

Os problemas começam pela escalação do elenco. Há um excesso de marmanjo bombado sem camisa, com uma quantidade de garotas inversamente proporcional. As que estão no filme são tediosamente inexpressivas, para dizer o mínimo. Sutileza nunca foi o forte do diretor Renny Harlin, e a introdução do forasteiro no grupo de jovens bruxos é nada menos que atropelada. Um dos bruxos se parece demais com um dos desafetos "normais" da turma, confundindo a platéia com o excesso de gente em cena, enquanto as briguinhas de gangue são contidas antes que cheguem de fato a algum lugar. As idas e vindas do roteiro em sua primeira metade estão lá praticamente só para preencher o tempo, até a revelação de que uma maçã podre acaba de entrar para o clubinho.

Se as expectativas não forem muito altas, o combate final rende alguma diversão escapista para fãs de vídeo-game e de histórias de gente com superpoderes. Obviamente, tudo foi concebido com inúmeras brechas para a realização de uma eventual continuação. É uma pena que o roteiro não desenvolva adequadamente o conceito das assombrações (os tais darklings), que as concessões criativas em relação à censura sejam tão evidentes e que o horror seja deixado completamente de lado no clímax, onde os efeitos especiais chegam muito perto de um nível perigoso de exagero.

Visto no cinema em 8-JAN, Segunda-feira, sala 6 do Multiplex Pantanal - Texto postado por Kollision em 14-JAN-2007