Cinema

Chocolate

Chocolate
Título original: Chocolat
Ano: 2000
País: Estados Unidos, Inglaterra
Duração: 122 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Lasse Hallström (Chegadas e Partidas, Um Lugar para Recomeçar, Sempre ao Seu Lado)
Trilha Sonora: Rachel Portman (As Novas Roupas do Imperador, A Guerra de Hart, A Casa do Lago)
Elenco: Juliette Binoche, Alfred Molina, Judi Dench, Lena Olin, Peter Stormare, Carrie-Anne Moss, Victoire Thivisol, Johnny Depp, Aurelien Parent Koenig, Hugh O'Conor, John Wood, Leslie Caron
Distribuidora do DVD: Imagem Filmes
Avaliação: 8

A fonte do apelo dos filmes do cineasta Lasse Hallström é praticamente constante ao longo de sua filmografia. Geralmente, um personagem de forte empatia com o público encontra resistência para se adequar à realidade à sua volta, em histórias que transitam entre o drama e a comédia de forma que se torna uma tarefa não muito fácil classificá-las numa ou noutra categoria. Dentre estes trabalhos, Chocolate é talvez aquele que tenha a maior inclinação para o aspecto engraçado da vida, muito em parte devido à própria guloseima que dá o nome ao filme, cujos odores e atrativos parecem pecaminosamente exalar (no bom sentido) de quase todas as tomadas de suas duas horas de duração.

No final dos anos 50, uma mulher (Juliette Binoche) e sua filha pequena (Victoire Thivisol) chegam a uma cidadezinha pacata e conservadora do interior da França. As duas se instalam na propriedade de uma velha ranzinza (Judi Dench) e logo se lançam ao trabalho de transformar o lugar numa chocolateria. A atitude aberta e nada religiosa da moça logo atrai a atenção do austero prefeito da cidade (Alfred Molina), que inicia uma severa campanha de difamação contra a recém-chegada. No entanto, assim que a chocolateria abre em plena quaresma, ela começa a conquistar as pessoas do vilarejo com muita dedicação e uma grande variedade de guloseimas, forçando uma revisão de conceitos na comunidade, angariando vários amigos e acirrando a birra do prefeito contra o seu pequeno negócio.

O filme é bonitinho e lida com luva de pelica com vários dilemas sociais, todos eles confrontados com elegância sutil pela personagem certinha de Juliette Binoche. A fotografia valoriza o aspecto pitoresco do lugar, e a câmera de Halström passa uma boa idéia do quão aconchegante é tomar uma xícara de chocolate quente em pleno inverno. Um dos grandes acertos do filme é seu elenco muito bem escolhido, que inclui ainda Lena Olin, Carrie-Anne Moss, Peter Stormare e Johnny Depp, que só dá as caras depois da metade do filme para colocar um pouco de pimenta na trajetória da chocolateira benfeitora. Ainda bem, pois o longa corria o sério risco de entrar em estado de banho-maria caso isso demorasse um pouco mais para acontecer.

Bastante ovacionado na época de seu lançamento, Chocolate chegou até mesmo a ser indicado ao Oscar de melhor filme. O grupo de atrizes também foi bastante elogiado pela crítica em geral. O que não deixa de ser um pouco injusto, pois quem dá um show em cena é Alfred Molina, simplesmente perfeito num papel que tinha tudo para cair no clichê maniqueísta do "vilão malvado que quer ferrar a heroína". É sua personificação ímpar de um homem convicto de suas crenças e severo, mas justo, que garante a unidade de uma história água com açúcar que tinha tudo para dar com os burros n'água. Seu resultado é agradável e enaltecedor, sem deslizes muito evidentes. Ao final, dá até pra perdoar a parte brega do canguru imaginário da filhinha de Juliette Binoche.

Os extras do DVD consistem de biografias e entrevistas curtas da maior parte do elenco e do diretor, uma galeria de fotos, um making-of de quase 20 minutos que é na verdade uma coletânea de cenas de bastidores, trailer do filme e os trailers de Palácio das Ilusões, Caminho Sem Volta, Em Busca de um Sonho e Fantasmas.

Texto postado por Kollision em 9/Dezembro/2005