Terror realizado à moda antiga e filmado na Itália, quando praticamente todos os novos filmes do gênero começavam a incorporar uma dose cada vez maior de efeitos especiais digitais, O Castelo Maldito traz uma história de monstro comandada por um dos papas modernos das obras de baixo orçamento, Stuart Gordon. Além disso, ele traz consigo a dupla de atores que ajudou-o a se consagrar, Jeffrey Combs e Barbara Crampton, não por acaso os astros do reverenciado Re-Animator, realizado 10 anos antes.
Combs e Crampton são um casal em crise conjugal pela morte do filho pequeno, que herdam um castelo decrépito na Itália e para lá se mudam, acompanhados da filha adolescente cega (Jessica Dollarhide). Preocupado em simplesmente vender o castelo e seu interior, Combs não dá ouvidos aos avisos da filha, que alega que há mais alguém no castelo. Trata-se de uma criatura que habitara o porão por anos, submetida a inomináveis maus tratos e escondida do mundo exterior pela única e senil habitante, que deixara o lugar de herança para a família americana.
A partir de uma premissa não muito empolgante, o diretor Gordon consegue transformar seu conto de monstro em algo de maior substância. Isso fica bastante evidente lá pela metade da película, quando todos os conflitos e os podres da família recém-chegada vêm à tona. A tal criatura, que não passa de um ser humano terrivelmente deformado (vide a capa do DVD na foto), jamais conheceu algo além do terror e do sofrimento. É um alívio ver que não incluíram nenhum traço idiota de bondade em sua personalidade, o que é meio caminho andado para a derrocada de qualquer filme de monstro. Isso resulta em várias cenas grotescas que fazem o filme valer a pena. Exatamente como uma criança, o monstro faz aquilo que vê, e não aquilo que mandam. E, mais uma vez, o personagem de Jeffrey Combs vai descobrir isso da pior forma possível.
Obviamente, é preciso relevar as situações de ninja em que a criatura se mete logo que ganha a liberdade, como o fato de somente a garota cega ser capaz de distinguir a sua presença. O ator Jonathan Fuller faz um bom trabalho debaixo da pesada maquiagem do monstro, cuja concepção é bastante convincente. Praticamente toda a carga dramática fica sobre os ombros do pai da família, já que a mãe é retratada de forma bastante antipática pelo roteiro fatalista, que não lança mão do humor em momento algum, ao contrário dos filmes anteriores de Stuart Gordon. Mesmo contando mais com a escatologia do que com o suspense propriamente dito para causar impressão, o resultado obtido é deveras satisfatório para uma produção de baixo orçamento.
O DVD tem como extras um making-of de 10 minutos, trailer e biografias de Jeffrey Combs e do diretor Stuart Gordon.
Texto postado por Kollision em 12/Setembro/2005