Diz-se que esta podreira é a continuação do igualmente ruim Shojo No Harawata (ou Entrails of a Virgin). Ambos foram produzidos no mesmo ano e dirigidos por um alucinado japonês de apelido Gaira. Ambos os filmes são pródigos em mostrar cenas de sexo, estupro e violência, e clamam para si o rótulo de "horror erótico". Bem, não há vínculo algum na história deste filme com a do anterior, e o título americanizado Entrails of a Beautiful Woman passa muito bem uma idéia do que se pode esperar pela frente. O nível é apenas um cabelo de sapo melhor por um lado (o sexo), mas não dá para perdoar a história indecente de tão ruim.
Desta vez tudo começa como se fosse uma trama policial. Garota é espancada, drogada e estuprada por uma gangue da Yakuza por meter o nariz onde não é chamada ao investigar o desaparecimento da irmã. Ela consegue escapar graças à incompetência dos estupradores, e procura a ajuda de sua psiquiatra (Megumi Ozawa). A mulher toma as dores da garota e inicia uma campanha de vingança contra seus agressores, seduzindo e hipnotizando um deles. Só que a merda vai para o ventilador, ela é capturada e tem o mesmo tratamento violento dado à sua cliente. O caldo entorna de vez quando uma criatura mutante, sanguinolenta e hermafrodita aparece quase que do nada para fazer justiça contra os bandidos, distribuindo terríveis (mesmo!) desmembramentos e estupros a torto e a direito.
Para um título tão apelativo, o filme não fornece tantas tripas (entrails), mas há pelo menos um colírio no elenco, a baixinha Megumi Ozawa. Bonita, com voz e semblante deliciosamente meigos, ela funciona como combustível de antecipação para o festival de sadismo anunciado para o final desta imensa maluquice. Independente da narrativa simplista e frouxa, a pergunta que martela o espectador é "que diabos esse bando de doidos vai aprontar com a mocinha enxerida quando ela cair em suas garras?". Bijo No Harawata é ainda mais curto que seu antecessor, durando pouco mais de uma hora, mas vem com a mesma carga de sexo sádico e sangue jorrando. Os valores de produção ficam devendo, pois a gangue da Yakuza é reduzida a um grupelho de desocupados que não tem onde cair morto, mas o baixo orçamento forçou a equipe a criar pelo menos um momento sublime de gore classe Z: o grotesco esmagamento de uma cabeça.
O diretor foi cauteloso em, desta vez, provocar menos borrões da censura nas cenas de sexo. Como a obrigação de que o segundo filme deve ser melhor que o primeiro, sua ousadia vai além e inclui a simulação de felatio com membros de borracha! A homenagem-cópia fica por conta do membro do monstro mutante, que possui a aparência e a cabeça de um Alien e ganha o tratamento esperado de uma das mulheres necessitadas da trama (sim, é preciso ver para crer). Se vocês acham que isso é o que há de mais grotesco, podem esperar que pouco depois vem a cena da vagina assassina (de novo é preciso ver para crer). A essa altura do filme qualquer indício de lógica é inexistente, e tudo descamba para uma realização trash da pior estirpe possível, capaz de satisfazer ao mais ávido espectador sedento por podreiras. A tomada que encerra o filme, indescritivelmente tosca, sintetiza bem o que estou falando.
O DVD Região 0 da Synapse Films disponibiliza o filme com áudio original em japonês e legendas em inglês. Extras incluem o trailer da produção (que apresenta muitas cenas que não aparecem no filme) e uma entrevista de 18 minutos com o diretor Gaira, que não fala coisa com coisa e assim entrega o motivo de seus filmes serem a porcaria que são.
Visto em DVD em 10-MAR-2007, Sábado - Texto postado por Kollision em 15-MAR-2007