Visto em DVD em 11-DEZ-2009, Sexta-feira
De todas as vertentes que eu já vi no cinema relacionadas a características culturais, nenhuma é mais anômala que aquela que vem de Bollywood/Lollywood, a meca do cinema indiano/paquistanês. Não rejeito filme algum que esteja ao meu alcance (com raras e óbvias exceções), por isso me dispus a conhecer o tal cinema de horror feito na terra de Dhalsim, começando por Bandh Darwaza - mais uma das inúmeras releituras do conto de Drácula. Com certeza não se trata de escolha de estilo o fato da palavra "vampire" não ser pronunciada uma única vez durante as duas horas e meia (!) de filme. Pode ter sido censura, sabe-se lá, a mesma censura que não permite cenas com beijos. Quando os atores estão prestes a consumar o ato, não importa se eles estão no meio da ação ou numa das várias cenas musicais, lá vem um corte ou um enquadramento intrusivo. Bandh Darwaza foi realizado já na reta final da onda de filmes de terror que varreu a Índia na segunda metade dos anos 80, e começa bem ao estabelecer o drama de uma moça (Kunika Lal) que é concebida por influência do vampirão (Ajay Agarwal) e anos mais tarde é requisitada para as hordas do mal. Macarrônica como as novelas mais macarrônicas já vistas, a trama incorpora também o interesse amoroso da donzela (Hashmat Khan), sua concorrente direta na disputa pelo cara (Manjeet Kullar) e muita, muita enrolação por mais de duas horas intermináveis em que a história fica girando em círculos. Existe uma centelha de vida somente quando o comediante Johnny Lever está em cena, mas ele logo desaparece para não mais voltar. Valorização cultural sim, mas apologia à pobreza narrativa e ao plágio descarado não - existem créditos para a trilha sonora, mas praticamente toda ela é chupada descaradamente da série Sexta-feira 13. Ruim, muito ruim. E não existe nada que me faça tolerar as cenas de dança e música num filme de horror. Como curiosidade, o símbolo religioso hindu que é usado para espantar o vampiro chama-se Omh (ou Aum), mas há também uma breve sequência em que ele é enxotado do caixão por um crucifixo e por uma cópia do alcorão.
O DVD duplo do primeiro volume da coleção "Bollywood Horror" da Mondo Macabro é região ALL, com legendas em inglês para o áudio original em indiano. O outro filme presente na sessão dupla é Purana Mandir, e os extras consistem de dois artigos em texto que falam sobre as diferenças culturais do cinema indiano e a carreira dos irmãos Ramsay, um especial de 13 minutos em que o crítico indiano Omar Khan fala sobre os dois filmes, um documentário de 25 minutos sobre as indústrias de cinema indiana e paquistanesa (o mesmo que está no DVD de Zinda Laash a.k.a. The Living Corpse) e o tradicional trailer com cenas de vários lançamentos da distribuidora.