Visto via Netflix em 30-MAI-2020, Sábado
A fleuma de seriedade que permeia A Chegada é somente uma das facetas que compõem o quebra-cabeças de um filme visualmente ousado e narrativamente desafiador. A ousadia visual fica por conta da cinematografia lúgubre, enevoada, que deixa o longa com um aspecto constante de sonho do qual parece ser difícil acordar. A narrativa, no caso, acompanha a chegada ao planeta Terra de doze grandes naves extraterrestres que passam a flutuar a poucos metros do solo em vários lugares do mundo. Nos Estados Unidos, os militares não tardam a arrebanhar a ajuda de um grupo de pesquisadores que tentam estabelecer comunicação com as criaturas do espaço. Entre elas está uma especialista em idiomas (Amy Adams) e um físico (Jeremy Renner) que se unem na linha de frente. Cortes aparentemente aleatórios mostram o que parece ser um evento traumático no passado da pesquisadora, enquanto as potências mundiais prosseguem em suas tentativas de entender o fenômeno porém com abordagens não tão pacíficas. O grande contraponto ao aspecto visualmente opressivo do filme é a excelente trilha sonora responsável por valorizar bastante os momentos mais marcantes da história. O escopo que define a resolução do mistério é um pouco amplo demais dentro do que A Chegada se propõe a mostrar, e talvez aí resida uma das únicas fraquezas conceituais do filme.