Visto via Netflix em 9-DEZ-2018, Domingo
Voltando ao tema da ficção científica de nuances existenciais e filosóficas, o diretor Andrew Niccol ambienta sua nova história num futuro onde não existe mais privacidade. As imagens registradas nos globos oculares de todas as pessoas ficam gravadas para sempre para escrutínio próprio e da polícia, caso necessário. Existem, porém, indivíduos que conseguem burlar esse avançado sistema de rastreamento, e quando um deles começa a cometer assassinatos hackeando a visão das vítimas (que se enxergam pelos olhos do assassino antes de morrerem), entra em cena um detetive (Clive Owen) que decide arriscar a própria vida servindo de isca para o malfeitor. E seu caminho logo se cruza com o de uma garota (Amanda Seyfried) capaz de manipular imagens registradas de acordo com o desejo do cliente. Anon tem ritmo extremamente cadenciado – para não dizer lento – e controlado pelo seu protagonista, num roteiro que passa a impressão de estarmos diante de um devaneio hi-tech onírico que deu muito errado. Na maior parte do tempo o filme se mostra interessante, desde que você consiga se conectar com os personagens. Infelizmente, à medida em que o clímax se aproxima fica evidente que falta um elemento mais consistente que dê liga à história. O distanciamento emocional é uma das premissas do filme, mas o exagero neste aspecto termina por afetar negativamente a obra como um todo.