Visto via Netflix em 19-MAR-2016, Sábado
É difícil ficar impassível diante dos contrastes que são mostrados na rotina do protagonista de O Senhor das Armas, interpretado por Nicolas Cage em modo de piloto automático. Provocar a discussão em torno dos interesses econômicos envolvendo a indústria bélica que fomenta guerras e conflitos ao redor do mundo não é algo muito difícil, mas a coisa toda assume uma dimensão mais interessante quando tal realidade é retratada através dos olhos de um negociante underground (Cage) e do impacto que isso provoca em sua família. Ao acompanhar sua origem, ascensão e queda, o filme tece comentários nada lisonjeiros à moral humana, à fragilidade das leis internacionais - que de certa forma permitem o contrabando de modo velado - e às consequências da corrupção desenfreada que aflige as nações menos favorecidas. Entre mortos e feridos, Ian Holm faz contraponto ao torpor de Nicolas Cage, Jared Leto compõe um personagem torturado e vitimado pelo amor ao irmão e Ethan Hawke figura como o agente da lei sempre à espreita. Não há nenhum momento de gratuidade em O Senhor das Armas, e por isso mesmo o filme está fadado a decepcionar os aficionados por adrenalina. Se bem que o final poderia ter sido mais explicitamente cruel, considerando que o protagonista foi inspirado num amálgama de mercadores de guerra da vida real.