Cinema

Maldição

Maldição
Título original: An American Haunting
Ano: 2005
País: Estados Unidos
Duração: 82 min.
Gênero: Terror
Diretor: Courtney Solomon
Trilha Sonora: Caine Davidson
Elenco: Rachel Hurd-Wood, Donald Sutherland, Sissy Spacek, James D'Arcy, Gaye Brown, Matthew Marsh, Thom Fell, Sam Alexander, Zoe Thorne, Miquel Brown, Shauna Shim, Lila Bata-Walsh, Howard Rosenstein
Distribuidora do DVD: California Filmes
Avaliação: 5/10

Revisto em DVD em 24-MAI-2009, Domingo

Minha fascinação por este filme, um terror mediano que dificilmente se sobressai em meio a tantos outros que costumam tomar as salas de cinema todos os anos, tem um rosto e um nome apenas: Rachel Hurd-Wood. Que atriz linda, meu Deus do céu! Tomara que ela não desista de fazer cinema tão cedo, e que permaneça tão bela quanto está neste Maldição, em que faz o papel de uma adolescente vitimada por uma assombração agressiva no início do século 19. Os valores de produção são ótimos (as locações principais foram filmadas na Romênia), porém não dá para levar a sério um roteiro que não desenvolve os personagens a contento e que traça um paralelo muito distante e desconexo entre eventos passados e atuais. A grande verdade – e o que me levou a adquirir o DVD – é que a srta. Hurd-Wood é um dos melhores colírios que os olhos cansados de um cinéfilo podem vislumbrar ao final de um dia de exaustiva realidade. Minha esperança é que algum dia o talento da moça se eleve ao nível de sua beleza.

A versão do filme em DVD alega ser a do "diretor", mas ela aparentemente vem com 10 minutos a menos que aquela veiculada nos cinemas. O pacote de extras inclui um especial de 15 minutos em que Courtney Solomon deveria comentar sobre o filme mas se limita a alfinetar a crítica especializada, uma entrevista breve em que ele conversa com Sissy Spacek, 40 minutos de cenas excluídas e alternativas (incluindo várias versões diferentes para o final) e o trailer de O Protetor, exibido quando o disco é inicializado.

Visto no cinema em 16-OUT, Segunda-feira, sala 2 do Multiplex Pantanal - Texto postado por Kollision em 21-OUT-2006 -

Diz-se que este filme é baseado no único caso documentado na história dos EUA em que um espírito foi dado como responsável pela morte de uma pessoa. Diz-se. Não é preciso muitos cliques numa consulta qualquer do Google para encontrar várias páginas corroborando a afirmação, assim como jogando um olhar cético sobre tais documentações e questinando-as sob um ponto de vista científico. O relato do fenômeno ficou conhecido como a "Assombração da Bruxa de Bell" (Bell Witch Haunting), sendo Bell o sobrenome da família atormentada pela alma penada revoltada. O mito em torno da tal bruxa foi responsável pelo surgimento de várias outras vertentes associadas, entre elas o recente frenesi causado pelo filme independente A Bruxa de Blair (Daniel Myrick e Eduardo Sanchez, 1999).

Enquanto o título em português pode soar ridículo, ele não é de todo desprezível, pois captura a essência do que os Bell acreditavam estar influenciando-os. O que seria, pura e simplesmente, a maldição jogada sobre a família por uma mulher suspeita de praticar bruxaria, interpretada no filme por Gaye Brown. A perseguição aos suspeitos de compactuação com o demo já não era tão severa por volta de 1817, ano em que o drama sobrenatural ocorreu, numa cidadezinha rural do Tennessee. O roteiro se preocupa em fornecer um desfecho que vai além do que está escrito nos documentos existentes sobre o fenômeno, trazendo uma explicação para a morte ocorrida e, além disso, um motivo claro para o tormento infligido pelo fantasma às pobres pessoas que passaram por tal suplício.

John Bell (Donald Sutherland) se envolve numa disputa de terras com a tal bruxa, que roga uma praga contra ele e sua bela filha pré-adolescente Betsy (Rachel Hurd-Wood). A aparição sinistra de um lobo feroz na área da família Bell é apenas o prenúncio de algo muito pior. Não tarda para que o espírito maligno comece a se manifestar atormentando principalmente Betsy, ao puxar o lençol de sua cama à noite, fazer ruídos estranhos e, nos piores momentos, arrastar a moça pelo chão, levantá-la no ar e golpeá-la sem dó nem piedade. Ao desespero de sua mãe Lucy (Sissy Spacek) junta-se o restante da família e o cético professor da garota (James D'Arcy), que tenta manter uma postura científica diante do inexplicável fenômeno.

A introdução que se passa no presente, com a mãe e a filha que enxerga um espírito no espelho, é descartável e parece estar lá somente para reforçar a motivação atribuída à agressiva assombração. O roteiro lança mão de uma explicação que elucida somente parte dos fenômenos, e não consegue justificar, por exemplo, as passagens que envolvem levitação e estapeamento. A sua sorte é que se trata de um filme de terror sobrenatural e, como tal, pelo menos ele é eficiente em construir uma atmosfera lúgubre, opressiva em sua caracterização rural e desolada. O longa ganha muito com a participação dos veteranos Sutherland e Sissy Spacek. Obviamente, Spacek agrega ainda mais ao filme devido à sua indelével aura de amaldiçoada adquirida no clássico Carrie - A Estranha (Brian De Palma, 1976).

Quem brilha mesmo, no entanto, é Rachel Hurd-Wood. Linda, a mocinha entra direto para a galeria de estrelas quando o assunto é a interpretação demoníaca no moderno cinema de horror, da qual também faz parte Jennifer Carpenter, a adolescente atormentada de O Exorcismo de Emily Rose (Scott Derrickson, 2005).